PERSPECTIVA: Mercado deve operar em queda esperando decisão do BCE

  São Paulo, 4 de setembro de 2012 - Os principais indicadores das bolsas
internacionais operam em queda, esperando uma definição do Banco Central

Europeu (BCE) sobre uma possível compra de títulos soberanos de países com
dificuldades econômicas na zona do euro, como Itália e Espanha. Para o
analista de investimentos da Futura, Luiz Gustavo Pereira, o pessimismo reflete
o rebaixamento pela Moody's da perspectiva de rating da União Europeia, "mas
não existe uma tendência firme de queda e o mercado pode inverter o movimento
com a divulgação de avanços nas negociações na Europa".

   No Brasil, a bolsa deve acompanhar as oscilações dos mercados
internacionais, mas o dado de produção industrial brasileira apontando
retração menor que a esperada deve impulsionar ações do setor e diminuir a
força do movimento de desvalorização, avalia Pereira. Há pouco, o contrato
futuro do Ibovespa, principal índice da BM&FBovespa, operava em queda de 0,21%,
 a 57.415 pontos.

   Segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgados hoje pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial
brasileira recuou 2,9% em julho de 2012 ante julho de 2011, a décima primeira
taxa negativa consecutiva neste tipo de comparação. O resultado veio abaixo da
expectativa do mercado, que estimava retração de 3,45% na produção
industrial brasileira em julho, na comparação com igual mês do ano anterior,
conforme a mediana das projeções do Termômetro CMA, pesquisa feita pela
Agência CMA com instituições financeiras para os principais indicadores
econômicos do País.

   Na Europa, a agência de classificação de risco Moody's reiterou o rating
da União Europeia (UE) em 'Aaa', mas rebaixou a perspectiva da nota de
estável para negativa para refletir com maior precisão riscos associados ao
crédito de algumas das principais economias do bloco. Segundo a agência, o
rating da União Europeia pode ser rebaixado se houver uma deterioração no
perfil de crédito dos membros do bloco e, principalmente, se os ratings da
França, da Alemanha, do Reino Unido e da Holanda forem reduzidos.

   Para Pereira, da Futura, o rebaixamento impacta negativamente porque reflete
uma desconfiança do mercado com a zona do euro. Apesar disso, o analista
avalia que as atenções dos investidores estarão mais voltadas para as
negociações entre líderes europeus sobre o programa de compra de títulos
soberanos da eurozona. Hoje, o primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, se
reúne com o presidente francês François Hollande e o presidente do BCE, Mario
 Draghi, se encontra com a chanceller alemã Angela Merkel.

   Ontem, Draghi defendeu a compra de títulos pelo BCE e afirmou que isso não
estaria desrespeitando as regras da União Europeia (UE), pois não
configuraria um financiamento dos governos da região. A expectativa é que a
decisão sobre esse ponto seja anunciada na quinta-feira.

   Nos Estados Unidos, serão divulgados uma série de indicadores da atividade
da indústria no país. Pereira destaca o índice ISM que mede a atividade do
segmento industrial do país em agosto, que será divulgado pelo Instituto de
Gerência e Oferta, às 11h. Em julho, houve alta para 49,8 pontos. A
expectativa é de alta para 50 pontos. "Se vier muito acima do esperado, pode
impulsionar a queda, ajudando a postergar uma nova rodada de estímulos no
país", avalia.

   Entre os outros dados importantes no país estão os do índice dos gerentes
de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial de agosto, que será
divulgado pelo Markit Economics, às 10h. Em julho, o PMI caiu para 51,4 pontos.


   Hoje, as montadoras norte-americanas divulgam as vendas do mês de agosto.
Esse indicador reflete a atividade econômica no país, bem como os gastos com
construção de julho que serão divulgados pelo Departamento do Comércio, às
11h. Em junho houve alta de 0,4% em relação a maio. Analistas esperam alta de
0,5%.