sábado, 2 de novembro de 2013

Entendendo as empresas pré-operacionais – O caso OGX


Eike, Dilma e Sérgio Cabral

Nestes últimos dias foi impressionante a quantidade de pessoas que conheci e que perderam grande parte de seu patrimônio em OGX. Muitos deles não sabiam responder o motivo pelo qual compraram este papel e o manteve em carteira.


O objetivo deste artigo não é ensinar como avaliar uma empresa pré-operacional, pois acredito ser uma das coisas mais difíceis na arte da avaliação, mas sim tentar expressar a minha visão sobre como é uma empresa pré-operacional.

Em primeiro lugar é preciso entender que toda empresa tem um ciclo de vida, e identificar em qual estágio deste ciclo a empresa se encontra, muda completamente a forma de avaliá-la.

Empresas geralmente nascem de uma ideia, passando por várias fases, desde o momento em que seu único ativo é uma proposta de produto ou serviço, evoluindo para o estágio em que estão testando a atratividade de seus produtos, até chegarem ao estágio de ir se consolidando no mercado.

Apesar de o processo acima não ser regra incontestável, este é o que vemos com maior frequência no mundo real. O processo de construção do negócio pode não ser o mesmo, mas em regra as empresas pré-operacionais possuem alguns atributos em comum:

1   1) Falta de dados sobre o desempenho histórico
2   2) Receitas pequenas ou inexistentes e prejuízos operacionais
     3) Muitas não sobrevivem

Só de olhar estes pequenos atributos nas empresas pré-operacionais, é imprescindível que o investidor encare uma empresa pré-operacional como uma empresa com um alto grau de risco. Alocar uma pequena parte da carteira neste tipo de empresa não é ser conservador, é ser coerente e racional.

Então como ter indícios de que uma empresa pré-operacional pode ser tornar um agradável case de investimento? Simplesmente se ela tiver a capacidade de se tornar uma empresa consistente e lucrativa, pois em ultima instância uma empresa só terá valor se ela for lucrativa. A trajetória para a lucratividade consistente se dá lentamente, e para isso ela precisa de duas coisas:

   1) Crescimento das receitas: uma empresa que sofre de prejuízos operacionais (suas despesas não são para gerar receita e sim dar início ao negócio), só migrará para uma situação de lucratividade com o aumento das suas receitas. Ganhar fatias de mercado é imprescindível para isso, vender mais é a palavra de ordem.
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    2) Margens de lucro: Não adianta vender mais se a empresa não gera lucro operacional. É uma condição de sobrevivência a empresa conseguir boas margens operacionais, pois só assim conseguirá reduzir sua alavancagem e gerar lucro líquido de qualidade.
Assim, orientar-se relativamente por indicadores fundamentalistas que sejam múltiplos do lucro não fazem o menor sentido em serem utilizados neste estágio do ciclo de vida de uma empresa.

O caso da OGX

As ações da OGX valorizaram mais de 500% desde o seu fundo em 2008 e seu topo em 2010. Nessa época a OGX era a empresa da moda, queridinha da mídia e dos analistas. Depois de toda essa euforia, as ações da empresa vêm amargando perdas de mais de 90% desde 2010.

O fato é que a OGX não apresentou nenhum indício de ter iniciado a trajetória para a lucratividade, e com isso o mercado acabou corrigindo esta distorção de preço x valor. Atualmente ela só se destaca na mídia por ser a empresa a ajuizar o maior processo de recuperação judicial da América Latina.

O que aprendemos com o caso OGX é que no curto prazo o preço das ações é formado por uma questão de fluxo de capital e no longo prazo o preço das ações acompanha o valor da empresa. Por mais que o "estabilishment" não acredite, eu ainda mantenho o princípio de que no longo prazo os preços acompanham o valor da empresa.

Um Abraço!
Diego C. Moreira

www.facebook.com/finansofia

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