Eike, Dilma e Sérgio Cabral |
Nestes
últimos dias foi impressionante a quantidade de pessoas que conheci e que
perderam grande parte de seu patrimônio em OGX. Muitos deles não sabiam
responder o motivo pelo qual compraram este papel e o manteve em carteira.
O
objetivo deste artigo não é ensinar como avaliar uma empresa pré-operacional,
pois acredito ser uma das coisas mais difíceis na arte da avaliação, mas sim
tentar expressar a minha visão sobre como é uma empresa pré-operacional.
Em
primeiro lugar é preciso entender que toda empresa tem um ciclo de vida, e
identificar em qual estágio deste ciclo a empresa se encontra, muda
completamente a forma de avaliá-la.
Empresas
geralmente nascem de uma ideia, passando por várias fases, desde o momento em
que seu único ativo é uma proposta de produto ou serviço, evoluindo para o
estágio em que estão testando a atratividade de seus produtos, até chegarem ao
estágio de ir se consolidando no mercado.
Apesar
de o processo acima não ser regra incontestável, este é o que vemos com maior
frequência no mundo real. O processo de construção do negócio pode não ser o
mesmo, mas em regra as empresas pré-operacionais possuem alguns atributos em
comum:
1 1) Falta
de dados sobre o desempenho histórico
2 2) Receitas
pequenas ou inexistentes e prejuízos operacionais
3) Muitas
não sobrevivem
Só
de olhar estes pequenos atributos nas empresas pré-operacionais, é
imprescindível que o investidor encare uma empresa pré-operacional como uma
empresa com um alto grau de risco. Alocar uma pequena parte da carteira neste
tipo de empresa não é ser conservador, é ser coerente e racional.
Então
como ter indícios de que uma empresa pré-operacional pode ser tornar um agradável
case de investimento? Simplesmente se ela tiver a capacidade de se tornar uma
empresa consistente e lucrativa, pois em ultima instância uma empresa só terá
valor se ela for lucrativa. A trajetória para a lucratividade consistente se dá
lentamente, e para isso ela precisa de duas coisas:
1) Crescimento
das receitas: uma empresa que sofre de prejuízos operacionais (suas despesas
não são para gerar receita e sim dar início ao negócio), só migrará para uma
situação de lucratividade com o aumento das suas receitas. Ganhar fatias de
mercado é imprescindível para isso, vender mais é a palavra de ordem.
2
2) Margens
de lucro: Não adianta vender mais se a empresa não gera lucro operacional. É uma
condição de sobrevivência a empresa conseguir boas margens operacionais, pois
só assim conseguirá reduzir sua alavancagem e gerar lucro líquido de qualidade.
Assim,
orientar-se relativamente por indicadores fundamentalistas que sejam múltiplos
do lucro não fazem o menor sentido em serem utilizados neste estágio do ciclo
de vida de uma empresa.
O
caso da OGX
As
ações da OGX valorizaram mais de 500% desde o seu fundo em 2008 e seu topo em
2010. Nessa época a OGX era a empresa da moda, queridinha da mídia e dos analistas.
Depois de toda essa euforia, as ações da empresa vêm amargando perdas de mais
de 90% desde 2010.
O
fato é que a OGX não apresentou nenhum indício de ter iniciado a trajetória para
a lucratividade, e com isso o mercado acabou corrigindo esta distorção de preço
x valor. Atualmente ela só se destaca na mídia por ser a empresa a ajuizar o
maior processo de recuperação judicial da América Latina.
O
que aprendemos com o caso OGX é que no curto prazo o preço das ações é formado
por uma questão de fluxo de capital e no longo prazo o preço das ações
acompanha o valor da empresa. Por mais que o "estabilishment" não acredite, eu
ainda mantenho o princípio de que no longo prazo os preços acompanham o valor
da empresa.
Um Abraço!
Diego C. Moreira
www.facebook.com/finansofia
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