segunda-feira, 4 de agosto de 2014

BALANÇA: Exportações para Argentina caem 22,1% no ano até julho

   São Paulo, 4 de agosto de 2014 - As exportações para a Argentina recuaram
22,1% no acumulado deste ano até julho, para US$ 8,658 bilhões, segundo dados

do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Com
isso, a participação do parceiro comercial caiu de 8,3% em 2013 para 6,5%
neste ano.

   O principal contribuinte para esse recuo é o mercado de automóveis, que
diminuiu em 36% a venda para a Argentina, com soma de US$ 1,6 bilhão de janeiro
a julho. De acordo com Roberto Dantas, diretor do departamento de estatística
e apoio à exportação do MDIC, a queda também pode ser explicada pelo
desaquecimento da economia argentina.

   "Estamos fazendo esforços pra isso [recuperar as exportações], mas a
situação da Argentina é muito delicada. Sabemos que o Brasil é o principal
fornecedor do mercado argentino, então acho que temos que aguardar", disse o
diretor, em coletiva de imprensa.

   Nesta semana, a Argentina não cumpriu com o prazo de pagamento aos credores
que aceitaram participar da renegociação da dívida do país, levando o país
à uma situação de default técnico. O governo argentino tentou quitar a
obrigação, mas foi impedido por uma decisão judicial favorável a uma parcela
 dos holdouts - credores que não participaram da reestruturação.

   Apesar dos laços estreitos com o país, o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, afirmou ontem que o país vizinho não está em situação de default e
 que a situação dos argentinos é excepcional e não afetará o Brasil.
   
   "O impacto no Brasil num primeiro momento é nulo. Afeta sim a questão de
futuras reestruturações de dívidas no mundo. Certamente haverá uma reação
da comunidade internacional, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já criticou
essa decisão. Então acho que não é uma questão circunscrita a Argentina.
Temos que trabalhar para reverter essa decisão", afirmou.

   No entanto, alguns setores já vêm reclamando a algum tempo do reflexo da
fraca economia argentina nos negócios com o Brasil. Luiz Moan, presidente da
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), afirma
que parte do desempenho fraco da indústria automotiva brasileira se deve à
menor exportação para a Argentina, responsável por 75% das vendas ao exterior
 em 2013.

   As exportações totais de veículos, que incluem automóveis, comerciais
leves, caminhões e ônibus, devem apresentar recuo de 29,1% neste ano,
alcançando 401 mil unidades, conforme estimativas da entidade.
   
   No primeiro semestre as exportações caíram 23,1% e a expectativa é de
aumento de 32,6% no valor total das exportações no segundo semestre em
relação ao período imediatamente anterior, passando de US$ 6 bilhões para
US$ 8 bilhões. Além da melhora sazonal nas vendas do segundo semestre, o
aumento nas exportações também será resultado da revisão do acordo
automotivo entre Brasil e Argentina, em vigor de 1o de julho deste ano a 30 de
junho de 2015.
   
   O acordo estipula que o Brasil poderá vender, no máximo, US$ 1,5 milhão
com isenção de impostos para cada US$ 1 milhão importado do país vizinho.
Além disso, o setor precisa manter participação mínima de 11% de automóveis
 argentinos no Brasil e 44,3% de carros brasileiros na Argentina.

Fonte:    Weruska Goeking / Agência CMA


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