São Paulo, 24 de novembro de 2011 - A Vale recebeu seu primeiro
supercargueiro em maio, mas até hoje o navio não teve autorização para
atracar em portos da China, destino de quase metade das exportações da
empresa. Concebidos principalmente para atender ao que é o maior mercado de
minério de ferro do mundo, os navios enfrentam a resistência dos
transportadores marítimos chineses, que pressionam o governo de Pequim a não
permitir sua utilização no país. A informação é de Claudia Trevisan, em
edição de hoje do jornal "O Estado de S. Paulo".
"Todos esperávamos que esses navios fossem servir ao mercado chinês e é
estranho que não saibamos até agora se eles poderão operar na China", disse
à reportagem do jornal Ralph Leszczynski, da empresa italiana Banchero Costa,
que faz a intermediação entre donos de cargas e de navios.
Maior cargueiro do mundo, o primeiro Valemax saiu do Brasil no dia 24 de
maio com destino à China, mas nunca chegou ao país. Em junho, foi desviado
para o porto de Taranto, na Itália, porque não tinha autorização para
atracar na cidade chinesa de Dalian. O navio chegou até o Cabo da Boa
Esperança, deu meia volta e retornou ao Atlântico. "Eles não deveriam ter
checado antes se havia aprovação técnica para a embarcação?", pergunta
Leszczynski. Procurada, a Vale disse que não iria comentar o assunto.
O problema não é só o primeiro navio, mas todo o investimento
estratégico de US$ 2,35 bilhões feito pela empresa para atender o mercado
asiático e, em especial, a China. Os recursos foram destinados à construção
de uma frota de 19 dos maiores cargueiros do mundo, cada um com capacidade para
transportar 400 mil toneladas do produto, quase três vezes mais que as 160 mil
toneladas carregadas pelas embarcações comuns. Quatro deles serão entregues
neste ano e o restante, até 2013. Além disso, outras 16 embarcações serão
contratadas com exclusividade de armadores.
Segundo a reportagem, além do lobby dos armadores, a Vale enfrenta a má
vontade das siderúrgicas, com as quais trava constantes embates em torno da
cotação do minério de ferro. A menos que a empresa decida transferir ao
preço do produto a economia no frete trazida pela nova embarcação, há poucos
incentivos econômicos para as siderúrgicas verem sua utilização com
simpatia.
A Vale anunciou a construção dos supercargueiros em 2008, antes do estouro
da crise financeira global. Os navios foram encomendadas em um momento de boom
econômico, mas começaram a ser entregues neste ano, quando há excesso de
capacidade no transporte marítimo, afetado pela desaceleração econômica
mundial.
A ofensiva contra a Vale é capitaneada pela Associação de Proprietários
de Navios da China (CSA, na sigla em inglês) e a COSCO (China Ocean Shipping
Company), a gigantesca estatal que é uma das maiores empresas de transporte
marítimo do mundo.
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