São Paulo, 30 de agosto de 2012 - O temor de que as medidas de afrouxamento
monetário percam força diante dos indicadores positivos mostrados pelo Livro
Bege, do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), impulsiona a
queda das bolsas norte-americanas e, consequentemente, do Ibovespa, principal
índice da BM&FBovespa, que há pouco registrava queda. Internamente, as
desvalorizações dos papéis da Vale e da Petrobras, que têm os maiores pesos
no índice, colaboram para a queda de de 0,71%, a 56.959 pontos, com volume
financeiro de R$ 3,012 bilhões.
"Se no discurso de amanhã, Ben Bernanke, presidente do Fed, não sinalizar
estímulos para a economia dos Estados Unidos no curto prazo, os principais
índices mundiais vão ceder ainda mais. De qualquer forma, a autoridade
monetária não anteciparia algum anúncio na divulgação dos dados do Livro
Bege", avalia Hamilton Moreira Alves, analista do BB Investimentos. A atividade
econômica dos Estados Unidos expandiu moderadamente entre julho e agosto na
maior parte dos 12 distritos, informou o Fed.
Para o analista do BB Investimentos, tanto os índices norte-americanos
quanto o brasileiro subiram bastante no início do mês esperando uma ação do
Fed e do Banco Central Europeu (BCE), e essa demora para anunciar um pacote que
dê fôlego ao sistema financeiro causa insegurança, fazendo com que essa curva
ascendente não seja sustentada. Pela manhã, o Dow Jones perdeu, chegando a
cair abaixo do patamar de 13 mil pontos, registrando 12.978,91, fator que denota
o clima de cautela do investidor.
Na Europa, a situação segue problemática, avalia André Paes, diretor de
produtos e estratégia da Infinity Asset. "Os índices fecharam no vermelho,
com o DAX, de Frankfurt, registrando a maior queda, de 1,64%, se distanciando
dos sete mil pontos", exemplifica. Hoje, a Comissão Europeia divulgou que o
índice de confiança do consumidor da zona do euro recuou para -24,6 pontos em
julho em relação aos -21,5 pontos apresentados em julho, segundo a leitura
final do indicador. A leitura preliminar também havia sido de -24,6 pontos.
Pressionadas pelo cenário macroeconômico externo, as ações das blue
chips que integram o Ibovespa contabilizavam quedas na primeira etapa do
pregão. As PN da Vale (VALE5; -0,80%, a R$ 32,20) e as ON (VALE3; -0,60%, a R$
32,71) acumulavam desvalorização. O diretor da Infinity destaca que a
retração do preço do minério de ferro negociado na China, que atingiu US$ 88
por tonelada, segue pressionando as ações da companhia, que tem nesse país
seus principais contratos de fornecimento. O valor está 2,22% inferior ao
registrado ontem.
Com este cenário internacional conturbado, as ações das empresas de
commodities, são mais penalizadas. As PN da Petrobras (PETR4; -1,13%, a
R$ 20,97) e as ON (PETR3; -1,45%, a R$ 21,65) também mantinham tendência de
perdas. Os contratos futuros do petróleo negociados em Nova York estavam com
queda de 0,96%, cotados a US$ 94,58. "Além disso, os papéis da Petrobras
ainda têm espaço para cair, pois subiram muito anteriormente", diz Alves,
analista do BB Investimentos. As ações da OGX Petróleo (OGXP3; 0,33%, a
R$ 6,02) operavam com alta.
Por enquanto, os analistas ouvidos pela Agência CMA destacam que as ações
das varejistas e incorporadoras, ligadas ao ambiente domésticos terão
desempenho melhor. O anúncio da prorrogação do IPI para bens duráveis
impulsionará o comércio, e, consequentemente, as siderúrgicas, pois a demanda
por aço pelo setor automotivo seguirá em alta. Na construção, o destaque é
a PDG Realty (PDGR3; 4,17%, a R$ 3,99) que, com o aporte de R$ 769 milhões que
será incorporado no caixa da empresa até 6 de setembro, terá mais fôlego
para colocar a operação nos trilhos. O papel tem a maior alta do Ibovespa, e o
segundo maior volume financeiro, de R$ 177,306 milhões.
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