quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Começa cúpula europeia marcada por divergências entre Alemanha e França

BRUXELAS, 18 Out 2012 (AFP) -Os chefes de governo e de Estado da União Europeia (UE) deram início, nesta quinta-feira, aos debates sobre a união econômica e monetária em uma reunião em Bruxelas marcada pelas divergências entre Alemanha e França e em meio a protestos contra a austeridade na Grécia. 


"Temos muito trabalho diante de nós, no setor bancário, emprego e crescimento", disse o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, ao iniciar em Bruxelas a cúpula dos 27 chefes de Estado e de governo da União Europeia (UE).

União bancária ou orçamentária? Esse parece ser o dilema.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, se reuniram antes do começo dos debates que devem ser especialmente acalorados.

Ao falar no Parlamento de seu país, Merkel defendeu a ideia de aumentar as competências do comissário europeu de Assuntos Econômicos (cargo atualmente ocupado por Olli Rehn) para que possa vetar os orçamentos nacionais dos estados membros, quando estes não respeitarem os "limites de estabilidade e crescimento".

Para Hollande, as prioridades são outras. O presidente francês afirmou que os chefes de estado devem se dedicar à construção de uma união bancária e não a uma união orçamentária.

"O tema do Conselho (europeu) não é a união orçamentária, é a união bancária", respondeu o presidente francês esta manhã em Bruxelas. "As decisões (da cúpula de junho) devem ser respeitadas", disse.

Alemanha e França não conseguiram entrar em acordo para que entre em vigor o Supervisor Único Financeiro para a zona, sob a égide do Banco Central Europeu (BCE).

Berlim repete que este supervisor para todos os bancos da zona do euro estará operando a partir de 2014, enquanto Paris insiste que deve ser operado o "quanto antes".

Hollande se transformou no porta-voz da Espanha ou da Itália, que buscam criar esse supervisor para todos os bancos da zona do euro em janeiro de 2013, com o objetivo de garantir a recapitalização direta dos bancos, sem contabilizar como dívida pública.

Por outro lado, Merkel lidera o grupo dos "triplo A" (em referência às notas dadas pelas agências de classificação financeira).

Recentemente, Alemanha, Finlândia e Holanda informaram que os ativos herdados ou tóxicos não deverão ficar sob o guarda-chuva do fundo de resgate europeu conhecido como Mecanismo Europeu de Estabilidade financeira (MEDE).


Rumores sobre um resgate iminente


Ao falar no parlamento de seu país, Merkel voltou a insistir que o governo de Mariano Rajoy é que deve decidir se pedirá um resgate de sua economia.

Segundo uma fonte diplomática, a Espanha se aproxima de um pedido de ajuda, destinada a obter a intervenção do Banco Central Europeu (BCE) para amenizar a tensão nos mercados de sua dívida soberana.

Os rumores provocaram a euforia dos mercados europeus e levaram a taxa de risco espanhola, que mede a confiança na solvência de um país, abaixo dos 400 pontos pela primeira vez desde abril.

A Espanha quer aproveitar esse relaxamento nos mercados para esboçar seu pedido de resgate, o segundo em um ano, depois de ter recebido uma linha de crédito de no máximo de 100 bilhões de euros para seus bancos.

"Não acredito que o pedido ocorra durante a cúpula de quinta-feira e sexta-feira, mas, a reunião servirá para definir as condições que serão exigidas da Espanha em troca de uma eventual ajuda financeira", disse a fonte.

Sobretudo, Madri quer assegurar que não haverá novas condições, em meio a um crescente descontentamento social.

"Os espanhóis não pedirão nada se não estiverem seguros do que devem esperar em troca", disse.

Segundo o BCE, o pedido deverá ser feito oficialmente ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE). Assim, será cumprido o passo anterior exigido pela instituição dirigida por Mario Draghi para intervir comprando títulos da dívida nos mercados secundários.

Tudo indica que se tratará de uma linha de crédito preventiva, a opção "mais fácil e eficaz", segundo Bruxelas.

Berlim, que resistia a um resgate espanhol neste momento, foi cedendo, informou a fonte.

A demanda espanhola poderia ser atendida ao mesmo tempo que o desembolso da parcela de 31,5 bilhões de euros de ajuda à Grécia, pendente desde junho.

Berlim prefere tratar os pedidos em um mesmo pacote e não pedir o aval do Bundestag (parlamento) caso por caso, em um momento em que o país se encaminha para as eleições legislativas de setembro de 2013.

A Comissão Europeia (CE) anunciou que a troika (UE, BCE e Fundo Monetário Internacional) encerrou sua missão em Atenas, abrindo o caminho para um acordo na Grécia.

Contudo, a sociedade grega já não quer saber mais dos ajustes. A Grécia enfrentou outra greve geral, a quarta no ano, contra as duras medidas que o governo acordou com Bruxelas.

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