sábado, 20 de outubro de 2012

Países vão comercializar 1,6 milhão de barris a menos por dia em 2017, diz agência PUBLICIDADE GREGORY MEYER E JAVIER BLAS DO "FINANCIAL TIMES"

 México, Nigéria, Arábia Saudita, Reino Unido, Venezuela: as origens dos petroleiros atracados no porto texano de Corpus Christi no passado pareciam formar uma lista dos grandes países exportadores de petróleo.
Mas essa lista encurtou, agora. E pela primeira vez desde os anos 40, o porto vem realizando também exportações de petróleo cru, extraídos da região de xisto betuminoso de Eagle Ford, no Texas.

Corpus Christi ocupa posição central em uma virada histórica que está em curso no comércio mundial de petróleo cru. Com a recuperação da produção na América do Norte, os padrões de importação e exportação estão mudando. A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê declínio no comércio intercontinental de petróleo cru, até 2017, revertendo anos de firme crescimento.
Em 2017, 32,9 milhões de barris diários de petróleo cru serão comerciados entre diferentes regiões do planeta, 1,6 milhão de barris a menos do que no ano passado, estima a agência.
O novo mapa do comércio petroleiro também alterará as relações de preços entre as fontes de petróleo cru, forçando as traders de energia internacionais, entre as quais Vitol Glencore, Trafigura, Gunvor e Mercuria (sediadas na Suíça) e as divisões de comércio da BP, Royal Dutch Shell e Total, a reconsiderarem sua forma de operar.
A mudança também pode alterar a demanda por navios das companhias de superpetroleiros.
As mudanças no mapa mundial do petróleo estão centradas na América do Norte, onde as refinarias reduzirão suas importações em consideráveis 2,6 milhões de barros diários, o equivalente à produção atual do Kuwait, em função dos avanços na produção do Canadá e de Estados norte-americanos como Texas e Dakota do Norte.
A mudança nas importações afetará diferentes fontes de petróleo cru de maneira desigual, e as refinarias provavelmente começarão a rejeitar ofertas internacionais de petróleo cru "leve e doce", vendido a preço elevado. Os Estados Unidos este ano reduziram à metade suas importações de petróleo nigeriano, que se enquadra a essa descrição.
A outra grande mudança no mapa petroleiro mundial deve ser a redução nas exportações de petróleo cru do Oriente Médio ao longo dos próximos cinco anos. A AIE antecipa que a região em 2017 exporte 1,9 milhão de barris diários a menos do que no ano passado.
Duas forças explicam a queda iminente. A primeira é que a região refinará localmente proporção maior de seu petróleo cru.
No geral, as importações de petróleo cru pelos países industrializados recuarão em 4,3 milhões de barris diários nos próximos cinco anos. Enquanto isso, os países em desenvolvimento adquirirão mais de 2,7 milhões de barris a mais de petróleo cru em 2017 do que fizeram no ano passado. Mas a contração no comércio internacional de petróleo cru pode vir acompanhada de elevação no comércio de combustível, porque os Estados Unidos e os produtores do Oriente Médio refinarão petróleo mais perto das zonas produtoras e exportarão derivados.
Os mercadores cujas rotas servem de espinha dorsal ao comércio mundial de petróleo terão de se adaptar, igualmente.
A BP, por exemplo, reformulou sua estrutura comercial dois anos atrás, em resposta às mudanças no mapa petroleiro mundial. Quando a reformulação foi anunciada, Paul Reed, presidente-executivo de suprimento e comércio da BP, informou aos seus subordinados em e-mail que a base de ativos da companhia estava predominantemente em mercados maduros, e que ela tinha "exposição relativamente baixa a algumas" das novas áreas de crescimento do consumo.
"Desde que haja petróleo se movendo entre diferentes áreas do mundo, haverá um nicho para os traders", diz Andy Lipow, consultor que trabalha em Houston e foi operador de petróleo na Vitol. "Mas a direção dos fluxos mudará."

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