terça-feira, 30 de outubro de 2012

Vale faz algumas demissões; mil estão desocupados--sindicato


Por Sabrina Lorenzi
RIO DE JANEIRO, 30 Out (Reuters) - O cenário econômico desfavorável que derrubou os preços do minério de ferro e os lucros das mineradoras está provocando algumas demissões na Vale e gerou um exército de cerca de mil trabalhadores desocupados na companhia, afirmaram funcionários da empresa.

A empresa está demitindo 25 pessoas em Minas Gerais e os desocupados estão em processo de realocação após unidades terem sido suspensas, afirmou à Reuters o presidente do Sindicato Metabase de Belo Horizonte, Sebastião Alves de Oliveira, que representa cerca de 8 mil trabalhadores lotados nas cidades de Nova Lima, Itabirito, Sabará, Santa Luzia, Raposos e Rio Acima.
Segundo ele, as demissões envolvem analistas e engenheiros e são justificadas pela suspensão de projetos da companhia.
"Vinte e cinco empregos é bastante coisa, mas, pelo tamanho do nosso problema, é menos mau", ponderou o representante dos trabalhadores.
Segundo ele, a postura da empresa diante deste cenário de crise é bem mais positiva do que a adotada durante a crise financeira de 2008, que levou a Vale a demitir centenas de pessoas.
Procurada, a Vale disse que o número de contratações neste ano equivale a mais que o dobro de funcionários desligados.
De janeiro a outubro foram 5,8 mil contratações, informou a empresa, que possui 68 mil empregados próprios no Brasil.
A Vale afirmou ainda que o "turnover" (rotação de funcionários) ao ano representa cerca de 4,5 por cento do total de empregados.
A empresa não comentou imediatamente sobre o número de funcionários que estão em processo de realocação para outras unidades.
"Estamos sabendo de 900 a 1,1 mil pessoas que estão se movimentando nesse sentido", disse Oliveira, o presidente do Sindicato Metabase de Belo Horizonte.
A mineradora disse anteriormente que está realocando funcionários de projetos suspensos e de unidades desativadas.
Segundo dois funcionários da Vale que pediram anonimato, o grande número de pessoas desocupadas dos cargos extintos pode levar a empresa a cortes em algumas de suas áreas no Brasil e no exterior.
A Vale anunciou no início de outubro a suspensão da produção de três de suas dez unidades de pelotização no Brasil, num momento em que o mercado de pelotas não está favorável.
REALOCAÇÃO
A três fontes relataram ainda que um grande número de empregados vindos do exterior nas últimas semanas, principalmente do projeto Simandou, na Guiné, aguarda por realocação. O projeto Simandou foi colocado em revisão.
"A Vale montou uma estrutura muito grande para novos projetos e agora muitos estão sem ter o que fazer, formando um gigantesco banco de vagas", afirmou um funcionário.
Uma reestruturação na divisão de petróleo e gás estaria sendo realizada, segundo uma outra fonte do setor, que disse que um email circulou na segunda-feira internamente na Vale sobre o assunto. Ativos de óleo e gás foram colocados à venda.
A companhia anunciou na semana passada que vai reduzir investimentos, buscar parceiros, sair de projetos que não lhe dão retorno e continuar implementando corte de custos diante do cenário incerto de preços de minério de ferro e metais no mercado internacional. Na teleconferência com analistas na semana passada, os diretores da Vale não falaram em demissões.
A empresa divulgou redução de 57,8 por cento no seu lucro líquido no terceiro trimestre, impactado pelo forte recuo dos preços do seu principal produto.
A rival BHP Billiton também está cortando empregos devido ao mercado fraco para metais. A mineradora informou que demitiu 100 pessoas em divisão de níquel da Austrália .
(Por Sabrina Lorenzi, com reportagem adicional de Jeb Blount)

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