terça-feira, 26 de março de 2013

Expectativa de Selic maior ajuda a elevar juro ao consumidor em fevereiro


BRASÍLIA, 26 Mar (Reuters) - As expectativas de que a Selic será elevada em breve ajudaram a levar em fevereiro ao aumento das taxas de juros cobradas aos tomadores finais pelo segundo mês seguido, num cenário em que a inadimplência não cede de forma consistente.

Segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Banco Central, a taxa média de juros ficou em 18,7 por cento em fevereiro, ligeiramente superior aos 18,6 por cento em janeiro. Em dezembro, ela havia ficando em 18 por cento.
No segmento de recursos livres, a taxa ficou em 26,4 por cento, 0,2 ponto percentual a mais do que em janeiro, também cravando o segundo mês consecutivo de alta. Só para pessoa física, os juros subiram 0,5 ponto, chegando a 35,1 por cento no período e voltando ao mesmo patamar visto em setembro passado.
Na visão de analistas, a taxa de juros subiu na esteira da alta da taxa de captação no mês passado, que cresceu para 8,2 por cento ao ano no segmento de recursos livres, 0,4 ponto percentual superior a janeiro.
"O custo de captação subiu em fevereiro e isso reflete a percepção dos agentes sobre vários fatores: conjuntura internacional, inflação e expectativa para as taxas de juros", afirmou o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
Com a inflação ainda em patamares elevados, os agentes econômicos acreditam que a Selic, hoje a 7,25 por cento ao ano, será elevada em breve. Última pesquisa Focus do BC mostrou que o mercado acredita que um ciclo de aperto monetário será iniciado em maio e que a taxa básica de juros fechará o ano a 8,50 por cento.
Neste cenário, analistas avaliam que os juros ao consumidor seguiram em março no patamar atual e que ela volte a subir de forma acentuada quando o BC começar a elevar a taxa básica.
"Como o mercado recuou na apostas de alta da Selic em abril, a tendência para março é a taxa de juros ao consumidor se acomodar", afirmou Rostagno. "Se o BC confirmar a aposta do mercado e subir o juros, a tendência é a curva aumentar, o mercado embutir mais prêmio e a taxa ser repassada ao consumidor." 
No mês passado, segundo o BC, o spread bancário geral --diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa final efetivamente cobrada pelos bancos-- ficou em 12,1 pontos percentuais, 0,1 ponto a menos do que em janeiro.
No segmento de recursos livres, o spread ficou em 18,2 pontos percentuais, ante 18,4 pontos percentuais em janeiro.
INADIMPLÊNCIA EM ALTA
A elevação dos juros veio acompanhada por um nível ainda alto da inadimplência na avaliação do próprio BC. A taxa com recursos livres recuou apenas ligeiramente, ficando em 5,6 por cento em fevereiro, contra 5,7 por cento em janeiro.
Por outro lado, embora a queda na inadimplência da pessoa física também tenha sido pequena --de 0,2 ponto percentual, para 7,7 por cento--, foi o suficiente para atingir o menor patamar desde novembro de 2011.
Maciel, no entanto, evitou adotar um tom mais otimista e pregou a necessidade de se analisar os dados dos próximos meses para ver se a inadimplência entrou num ritmo de queda. "É um sinal mais claro de arrefecimento nos recursos livres (para pessoa física), mas ainda não é um processo consolidado", disse o chefe do departamento do BC.
Apesar da queda, analistas dizem que o patamar elevado da inadimplência contribui para os bancos privados permanecerem numa postura cautelosa e perderem fatia de mercado para os públicos.
"O alto nível da inadimplência significa que os bancos privados continuam de certa forma defensivos", afirmou o economista para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
Essa postura pode ser vista nos dados do BC. O saldo de crédito das instituições privadas nacionais cresceu 1,3 por cento no trimestre encerrado em fevereiro, enquanto a dos bancos públicos avançou 5,7 por cento.
O mercado de crédito brasileiro continuou mostrando crescimento moderado em fevereiro, com alta mensal de 0,7 por cento, atingindo 2,384 trilhões de reais, ou 53,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
O movimento, segundo o BC, foi puxado por recursos ligados aos financiamento imobiliário e consignado, segmentos onde os bancos públicos são mais fortes.
Maciel reafirmou as projeções para este ano de expansão moderada do crédito, com previsão de crescimento de 14 por cento em 2013, após o aumento de 16,2 por cento em 2012. A relação entre crédito e o PIB deve fechar o ano em 55 por cento.


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