sexta-feira, 5 de abril de 2013

Fraqueza no mercado de trabalho dos EUA obscurece perspectiva econômica


Por Jason Lange
WASHINGTON, 5 Abr (Reuters) - Os empregadores norte-americanos contrataram no ritmo mais lento em nove meses em março, adicionando apenas 88 mil empregos, um sinal de que a austeridade de Washington pode estar roubando o ímpeto da economia.
A taxa de desemprego, por outro lado, caiu para 7,6 por cento, ante 7,7 por cento anteriormente, mas isso ocorreu em grande parte devido às pessoas deixando a força de trabalho, mostraram dados do Departamento do Trabalho nesta sexta-feira.

Economistas consultados pela Reuters esperavam um aumento de 200 mil empregos em março.
Analistas suspeitam que parte da fraqueza deveu-se aos aumentos de impostos decretados em janeiro. Embora os dados das vendas no varejo não tenham mostrado um grande impacto, os varejistas cortaram em março 24,1 mil funcionários.
"A economia norte-americana acabou de se chocar com um grande obstáculo", afirmou Marcus Bullus, diretor comercial na MB Capital em Londres.
Não estava claro se os cortes de orçamento federais iniciados em março tiveram um papel relevante no ritmo lento de contratações, embora o nervosismo com os cortes possa ter feito as empresas hesitarem em contratar mais funcionários.
Os mercados acionários dos EUA caíram após os dados, assim como os yields da dívida do governo do país.
A desaceleração no crescimento de empregos pode deixar as autoridades do Federal Reserve, banco central dos EUA, mais confiantes para continuarem com o programa de estímulo de compra de títulos. Avanços anteriores na recuperação do mercado de trabalho haviam alimentado discussões no banco central sobre retroceder com as compras, talvez já no meio do ano.
"As discussões recentes sobre o Fed voltar atrás com seu programa de 'quantitative easing' (compra de títulos) têm sido prematuras", afirmou Russel Price, economista sênior da Ameriprise Financial Services.
Mas o relatório trouxe algumas notícias positivas para a economia. O Departamento do Trabalho revisou as leituras para janeiro e fevereiro para mostrar acréscimo de 61 mil empregos a mais do que estimado anteriormente.
O setor de construção acrescentou 18 mil empregos apesar do clima frio em partes do país, reforçando a visão de uma recuperação no setor imobiliário.
Mas analistas destacaram que os cortes de gastos federais começaram há pouco tempo e serão um peso mais substancial na economia entre abril e junho, quando muitos trabalhadores do governo começam a tirar dias de folga sem pagamento.
As folhas de pagamento do governo diminuíram em apenas 7 mil em março, revertendo parcialmente o aumento de 14 mil empregos em fevereiro.
O chairman do Fed, Ben Bernanke, que já afirmou que o mercado de trabalho tem que mostrar uma melhora sustentada para que o estímulo monetário seja reduzido, demonstrou preocupação com os cortes de gastos.
A taxa de desemprego caiu para o menor nível desde dezembro de 2008, mas o relatório mostrou que a maior parte da queda deveu-se a um ecolhimento da força de trabalho de 496 mil pessoas.
A queda na força de trabalho puxou a parcela da população que está empregada ou procurando por emprego para 63,3 por cento, a mínima desde 1979. Algumas das pessoas que deixam o mercado de trabalho estão se aposentando ou voltando a estudar, mas outros desistiram de buscar emprego por falta de motivação.
Separadamente, dados do Departamento do Comércio mostraram que o déficit comercial dos Estados Unidos diminuiu inesperadamente em fevereiro, com as importações de petróleo caindo para o menor nível desde março de 1996 e as exportações em geral subindo levemente.
O déficit caiu para 43,0 bilhões de dólares, ante 44,5 bilhões de dólares em janeiro segundo dados não revisados. O consenso das estimativas de analistas de Wall Street era de aumento para 44,6 bilhões de dólares.
(Reportagem adicional de Doug Palmer em Washington e Herb Lash em Nova York)

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