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RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 15 Out (Reuters) - As vendas no comércio varejista brasileiro mostraram em agosto desempenho acima do esperado ao avançarem 0,9 por cento ante julho e 6,2 por cento em relação a igual mês de 2012, favorecidas pela desaceleração da inflação nos últimos meses,
Em agosto, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, as vendas avançaram pelo sexto mês seguido e a taxa de 0,9 por cento foi a melhor para um mês de agosto desde 2010, quando ficou em 2,4 por cento.
Analistas ouvidos pela Reuters previam que as vendas no varejo teriam variação negativa de 0,10 por cento na comparação mensal e alta de 4,6 por cento sobre o mesmo mês do ano passado.
Além disso, o IBGE revisou para cima os dados das vendas de julho, passando de 1,9 por cento para expansão de 2,1 por cento.
O desempenho positivo do comércio em agosto está associado ao arrefecimento da inflação, que estimula o consumo de vários bens. "O comércio reflete muito a variação dos preços. Então, uma inflação em desaceleração cria sensibilidade grande por parte do consumidor", afirmou o economista do IBGE Reinaldo Pereira.
Em agosto, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou a alta para 0,24 por cento, após subir 0,03 por cento em julho. Apesar disso, a inflação em 12 meses perdeu fôlego.
O comportamento dos consumidores tem estado bastante atrelado ao desempenho da inflação. E mesmo com o crédito mais caro, diante do aperto monetário pelo Banco Central que já elevou a taxa básica de juros do país em 2,25 pontos percentuais, para 9,5 por cento ao ano, o IBGE avalia que a situação não está estrangulada.
"Você ainda tem crédito disponível, embora um pouco mais caro, e emprego estável", afirmou o economista do IBGE.
As vendas no varejo ampliado --que incluem veículos e material de construção-- cresceram 0,6 por cento em agosto sobre o mês anterior, mas recuaram 0,8 por cento sobre um ano antes.
MUITOS POSITIVOS
De acordo com o IBGE, oito das dez atividades pesquisadas tiveram resultados positivos na comparação mensal. Os principais destaques foram: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (7,6 por cento) e veículos e motos, partes e peças (2,6 por cento).
Na ponta oposta, houve recuo em combustíveis e lubrificantes, além de tecidos, vestuário e calçados.
Na comparação anual, ainda segundo o IBGE, registraram crescimento oito atividades. Na ponta oposta, tiveram redução apenas os grupos de livros, jornais, revistas e papelaria (-0,2 por cento) e de veículos e motos, partes e peças (-12,6 por cento).
Em agosto, o setor de super e hipermercados foi o grande destaque da pesquisa. Com crescimento de 0,6 por cento na comparação mensal, o segundo consecutivo, e de 5,6 por cento ante agosto de 2012. Foi a maior expansão dos supermercados esse ano, de acordo com o IBGE.
"Os preços de alimentos aumentaram muito esse ano e atingiram o ápice pelo IPCA em 12 meses em abril (16 por cento) e, agora em agosto, ficou em 10,6 por cento. Uma desaceleração dos preços está ajudando na venda do alimentos", disse a técnica do IBGE, Aleciana Gusmão.
O programa do governo Minha Casa Melhor, que oferece crédito de 5 mil reais para famílias contempladas pelo Minha Casa Minha Vida para a compra de eletrodomésticos, e o próprio Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido, alavancaram as vendas nos últimos dois meses de eletrodomésticos.
Apesar do crescimento das vendas nos últimos 6 meses, o comércio vem desacelerando o crescimento na taxa em 12 meses, encerrando agosto com variação de 5,1 por cento, a mais baixa desde outubro de 2009, quando ficou em 5 por cento.
No ano passado, o comércio fechou com crescimento de 8,4 por cento, segundo o IBGE.
O mercado de trabalho também tem ajudado a manter o consumo aquecido, segundo a equipe de analistas da consultoria LCA. O desemprego no país em agosto caiu para 5,3 por cento e o rendimento médio da população ocupada avançou 1,7 por cento na comparação com o mês anterior.
"Em função da surpresa positiva dos dados, revisamos de 4,7 por cento para 5 por cento nossa perspectiva de crescimento do comércio varejista em 2013", informou a LCA em relatório.
A confiança do consumidor também tem dado sinais de melhora, apesar de ainda ter continuado em níveis considerados baixos, e pode também ajudar nas vendas no varejo. Em agosto, a confiança do consumidor havia subido 4,4 por cento e, em setembro, avançou 1 por cento.
"As atenções, assim, continuam concentradas na evolução dos preços de alimentos e na percepção dos consumidores em relação ao ambiente macroeconômico e ao mercado de trabalho, que influenciam a confiança", afirmou em nota o diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, acrescentando que prevê expansão de 4 por cento no varejo restrito e de 3,9 por cento no ampliado.
(Reportagem adicional de Felipe Pontes)
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