quinta-feira, 17 de novembro de 2011
CHINA ENFRENTA DIFICULDADE PARA CONTER BOLHA IMOBILIÁRIA
CHINA ENFRENTA DIFICULDADE PARA CONTER BOLHA IMOBILIÁRIA
Pequim, 17 - Desinflar a bolha do mercado imobiliário chinês está se mostrando mais
desafiador do que parecia quando o governo decidiu apertar as medidas restritivas ao setor,
há pouco mais de um ano. Milhares de pessoas que adquiriram imóveis nos últimos meses
estão exigindo compensação de empreendedores que tentam se livrar de unidades
encalhadas oferecendo descontos de até 25%.
Desde o dia 22 de outubro, ocorreram pelo menos cinco manifestações nas ruas de Xangai
promovidas por compradores que viram o valor das residências que compraram pouco meses
antes cair de maneira abrupta com as novas promoções.
Em uma delas, cerca de 400 pessoas carregando faixas invadiram e danificaram um dos
showrooms da China Overseas Holdings, que oferecia apartamentos por um quarto a menos
do que eles haviam pago no ano passado. O mercado imobiliário é uma opção de
investimentos para muitos chineses, que perdem dinheiro se deixarem sua poupança no
banco e não têm à disposição aplicações lucrativas e seguras. A taxa de juros sobre os
depósitos é de 3,5% ao ano, insuficiente até para repor a inflação, que caiu para 5,5% no mês
passado. Em queda desde o ano passado e com uma histórica volatilidade, o mercado
acionário é visto com desconfiança por famílias chinesas.
Nesse cenário, a compra de um imóvel era considerada uma opção segura e extremamente
lucrativa de investimento, especialmente diante da expectativa de que os valores continuariam
a subir de maneira indefinida. A crescente especulação imobiliária levou os preços a
patamares irreais, que transformaram o sonho da casa própria em algo inalcançável para
grande parte da população. A persistente alta também envolveu o setor em uma bolha cada
vez mais inflada, que o governo decidiu conter com medidas restritivas, entre as quais o
aumento do valor que deve ser pago à vista na compra de uma residência.
Mas a operação é extremamente delicada, já que o setor imobiliário responde por 25% do
investimento do país e tem sido um dos mais potentes motores do crescimento chinês. Se a
atividade de construção sofrer uma retração abrupta, isso terá consequências negativas sobre
a expansão do PIB e aumentará o risco de um pouso forçado da segunda maior economia do
mundo.
Impacto sobre Brasil
Para o Brasil, a performance do segmento é fundamental. A construção de residências
absorve cerca de 20% da demanda de aço da China, que usa como matéria-prima o minério
de ferro, principal item da pauta de exportação brasileira, cujo maior comprador é a China.
No período de janeiro a setembro, o país asiático importou do Brasil US$ 14,48 bilhões em
minério de ferro, quase metade dos embarques totais do produto de US$ 30,68 bilhões e
71,15% acima do que foi vendido nos primeiros nove meses de 2010.
"O problema de compradores insatisfeitos com os descontos nos imóveis é generalizado",
disse ao Estado Liu Weiwei, do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento E-house China,
baseado em Xangai. "Com a redução nos preços, os compradores antigos perderam milhares
de yuans e muitos se sentem enganados pelos empreendedores."
No conjunto residencial Longhu Licheng, de Xangai, o preço do metro quadrado estava em
18.500 yuans (R$ 5.180) no começo de 2010, valor que caiu para 14.000 (R$ 3.920)
atualmente. Quem comprou um apartamento de 100 metros quadrados naquela época viu o
valor da propriedade diminuir 450 mil yuans (R$ 126 mil) em menos de dois anos.
A queda de preços só começou em meados de 2011 e se acelerou nas últimas semanas, em
razão das dificuldades financeiras enfrentadas por grande parte dos empreendedores
imobiliários, sufocados pelas medidas de contenção de crédito adotadas pelo governo para
conter a inflação e desinflar a bolha imobiliária.
Chen Shen, do instituto China Index Academy, disse que as vendas em outubro diminuíram
20% em média na China em relação ao mês anterior. Na semana passada, o volume de
operações na cidade de Pequim registrou queda de 40% na comparação com a semana
anterior. Em Xangai, a retração foi de 26%.
No fim de outubro, o primeiro-ministro Wen Jiabao afirmou que o governo manteria as
restrições ao setor: "Nosso objetivo é fazer com que os preços voltem a patamar razoáveis".
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