SÃO PAULO, 1 Ago (Reuters) - O setor industrial brasileiro registrou contração pelo quarto mês consecutivo em julho diante de uma demanda fraca, com queda tanto na produção quanto no volume de novos pedidos. Além disso, as empresas reduziram a força de trabalho da maneira mais significativa em três anos, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras de Produção
Industrial (PMI) do Brasil.
Em julho o PMI, compilado pelo instituto Markit, ficou em 48,7, ante 48,5 em junho, o segundo nível mais baixo em oito meses. Ao ficar abaixo da marca de 50 pontos --que separa contração de expansão--, o índice indicou "uma deterioração modesta nas condições de negócios do setor industrial", informou o instituto em nota.
De acordo com o Markit, cerca de 15 por cento dos fabricantes brasileiros relataram ter recebido um volume mais baixo de novos pedidos em julho, dando continuidade à tendência registrada em todos os meses desde abril.
Os novos pedidos para exportação também caíram ao longo de julho, pelo 16o mês seguido, devido a taxas de câmbio desfavoráveis que afetaram o comércio internacional, destacou o Markit.
QUARTO MÊS SEGUIDO
Como reflexo, a produção caiu pelo quarto mês seguido em julho, assim como o nível de emprego. Cerca de 8 por cento dos entrevistados na pesquisa reportaram redução no número de funcionários em relação a junho, com a queda nas entradas de novos trabalhos sendo frequentemente citadas.
As empresas também relataram novo crescimento nos custos de insumos, com destaque para o aumento de preços de matérias-primas, como produtos alimentícios e aço. Essa tendência já se apresenta desde setembro de 2009, segundo o Markit.
As taxas de câmbio desfavoráveis também foram citadas pelas empresas como motivo adicional de aumento nas cargas dos custos.
O cenário desfavorável da atividade brasileira atual é acentuado principalmente pelo desempenho da indústria, provocando dificuldade da economia em deslanchar.
Nesta quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a produção industrial brasileira subiu 0,2 por cento em junho frente a maio. Embora essa tenha sido a primeira alta mensal depois de três quedas seguidas, o resultado ficou abaixo das expectativas, indicando que o setor ainda não consegue se recuperar de forma robusta.
Diante do fraco crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de apenas 0,2 por cento no primeiro trimestre deste ano comparado com os últimos três meses de 2011, as autoridades vêm atuando em várias frentes.
De um lado, o governo anunciou benefícios fiscais a indústrias e consumidores e aumento das compras federais, e já se prepara para anunciar mais medidas para estimular a economia.
De outro, o Banco Central cortou pela oitava vez seguida a Selic, para o atual recorde de baixa de 8 por cento, a fim de estimular o consumo por meio de crédito mais barato.
Embora a expectativa seja de uma retomada do ímpeto econômico no segundo semestre, o governo cortou a previsão de crescimento do PIB de 4,5 para 3 por cento neste ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Educação Financeira com disciplina e inteligência.