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Indicadores - Câmbio e Dólar |
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 6 Set (Reuters) - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou a alta em agosto para 0,24 por cento, em meio à perda do ímpeto deflacionário de Transportes e pela volta dos aumentos de preços da Alimentação, além do impacto da valorização do dólar.
Em julho, o indicador havia registrado variação positiva de 0,03 por cento em julho.
No acumulado de 12 meses até agosto, o IPCA avançou 6,09 por cento, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), menor variação desde dezembro de 2012, quando atingiu 5,84 por cento.
A leitura mostrou queda ante os 6,27 por cento de julho, permanecendo abaixo do teto da meta do governo, de 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos percentuais.
"Depois do pico de junho, o IPCA trocou taxas mais altas por mais baixas, por conta do efeito dos protestos sobre a tarifa de ônibus e do comportamento dos alimentos", explicou a economista do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, referindo-se à inflação acumulada.
Os resultados ficaram em linha com a expectativa de economistas ouvidos pela Reuters, que esperavam alta de 0,25 por cento na comparação mensal e de 6,10 por cento no acumulado em 12 meses.
Analistas já haviam avaliado que os efeitos que fizeram a inflação de julho ser a menor em três anos, especialmente os preços de Transportes e Alimentos, eram transitórios.
TRANSPORTES E ALIMENTOS
De acordo com o IBGE, o ímpeto deflacionário de Transportes perdeu força, passando a uma queda de 0,06 por cento em agosto após deflação de 0,66 por cento em julho. O grupo havia sido favorecido pela revogação do aumento das tarifas em várias cidades do país.
Além disso, Alimentação e bebidas e Vestuário voltaram ao território positivo em agosto após queda em julho. O primeiro teve avanço de 0,01 por cento depois de cair 0,33 por cento, enquanto o segundo mostrou alta de 0,08 por cento ante queda de 0,39 por cento.
O leite longa vida, devido a problemas de safra e recuperação de margem, exerceu o maior impacto individual sobre o IPCA, com 0,04 ponto percentual. Refeição fora de casa também teve a mesma influência em agosto.
Em relação aos grupos, o principal impacto sobre o resultado veio de Habitação, com 0,08 ponto percentual após repetir a alta de 0,57 por cento.
DÓLAR
A principal fonte de preocupação no momento no que se refere à inflação é o impacto da alta do dólar sobre os preços, o que já se vê segundo o IBGE em alimentos como farinha de trigo e derivados, além de eletrodomésticos, automóveis, artigos de higiene pessoal e mobiliário.
Depois de a moeda norte-americana atingir o maior nível em quase cinco anos ante o real no mês passado, ela perdeu força recentemente depois de o BC anunciar um programa de intervenções diário no mercado. Mas como o repasse da alta do dólar não é automática, seu impacto sobre os preços ainda será visível à frente.
"Tende a piorar um pouco, porque o impacto do câmbio tem defasagem e deve se intensificar", disse o economista da Rosenberg & Associados Fernando Parmagnani.
Alimentos também devem continuar pressionando os preços, e nos cálculos da LCA o IPCA deve atingir em setembro alta de 0,58 por cento. "Acreditamos que o IPCA continuará acelerando ao longo de setembro, em boa medida por esperarmos que o grupo Alimentação e bebidas se manterá em alta, podendo registrar 0,42 por cento", afirmou a LCA em nota.
Diante de um cenário de inflação ainda alta e câmbio pressionado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic em 0,5 ponto percentual no mês passado, para 9,0 por cento ao ano.
Na ata da reunião, mostrou estar atento à alta do dólar e apontou que a política monetária deve ser usada para conter os efeitos desse movimento sobre os preços.
A desvalorização recente do real fez muitos analistas passarem a prever um maior aperto monetário, inclusive com a perspectiva de a Selic voltar a dois dígitos.
Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira(Reportagem adicional de Felipe Pontes, no Rio de Janeiro)
Fonte: Reuters
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