terça-feira, 7 de janeiro de 2014

MOODY'S: Ajuste fiscal é pré-requisito p/ manter nota, diz vice-presidente

   São Paulo, 7 de janeiro de 2014 - O governo brasileiro provavelmente não
fará este ano os ajustes fiscais necessários para colocar a dívida do País

em trajetória de queda, mas terá que se esforçar nessa direção em 2015 para
não comprometer seu rating, afirmou o vice-presidente para América Latina da
Moody's, Mauro Leos, em entrevista ao jornal "Valor Econômico".

   A agência de classificação de risco projeta um superávit primário de 2%
do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, o qual, diz Leos, não será suficiente
para reduzir a relação entre dívida e PIB, que deve ficar em 61,9% - acima
dos 60,4% estimados para 2013 e do patamar de 60% considerados o teto para o
Brasil. "Nos últimos 10 anos, sempre que a [relação] dívida/ PIB atingiu
60% ela foi reduzida no ano seguinte. Essa é a primeira vez que vamos ver dois
anos de taxa alta", disse.

   As projeções para 2014, segundo a Moody's, já estão incorporadas no
rating atual, "Baa2", cuja perspectiva é "estável". "Essa é nossa
expectativa e se acontecer não irá nos surpreender", disse Leos. O motivo
pelo qual a agência acredita que os ajustes fiscais não serão feitos este ano
são as eleições. "2014 é um ano político. Achamos que será difícil",
afirmou.

   Em 2015, contudo, o governo precisará tomar medidas para garantir a
sustentabilidade da dívida e o rating atual. "Ajustes terão que ser feitos
após 2014", disse Leos. Em relatório anual sobre o crédito soberano
brasileiro divulgado ontem, a Moody's afirma que dois eventos poderiam levá-la
a revisar a perspectiva da nota para "negativa" ou rebaixá-la: um
crescimento abaixo de 3% após 2014 e a elevação da relação entre dívida e
PIB para acima de 60% com tendência de alta.

   Segundo Leos, para que a taxa de endividamento caia em 2015, é preciso que
o superávit primário seja de, no mínimo, 3% do PIB.
   
   A Moody's afirma que o desafio de se reduzir a dívida do Brasil é a baixa
flexibilidade das contas fiscais. Por isso, algo que poderia ajudar a reduzir a
taxa de endividamento seria a aceleração do crescimento econômico. Leos
afirma que o governo tem pouco controle sobre essa variável, mas diz que é
essencial atrair mais investimentos. "As condições têm que ser atraentes o
suficiente", disse.


  Fonte:  Kauanna Navarro / Agência CMA


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