São Paulo, 2 de abril de 2014 - Mesmo com mais uma desaceleração no
índice de inflação da eurozona em março - menor nível em cinco anos - o
Banco Central Europeu (BCE) não deve alterar suas perspectivas para o risco de
deflação, nem anunciará novas medidas de estímulo na reunião monetária
desta quinta-feira. É o que opinam os analistas ouvidos pela Agência CMA.
A agência de estatísticas da União Europeia (Eurostat) divulgou nesta
segunda-feira que o índice de preços ao consumidor da zona do euro subiu 0,5%
em março na comparação com igual período do ano passado, após registrar
alta de 0,7% em fevereiro, ficando ainda mais longe da meta do BCE de 2%.
A notícia da desaceleração do indicador, a recente valorização do euro
e a redução no volume de empréstimos a empresas na eurozona fizeram os
investidores especularem que o BCE tomaria alguma medida de estímulo na
reunião de amanhã, a fim de estimular a economia europeia.
"É claro que a baixa inflação é preocupante, mas o resultado foi guiado
por fatores bons, como os menores custos dos alimentos e da energia, fatores
que o BCE não pode controlar", afirmou Elwin de Groot, economista do Rabobank,
em relatório. "Ou seja, o presidente do BCE pode lidar com esse revés no
cenário".
Os líderes do BCE têm afirmado que os riscos de deflação na eurozona
são muito limitados, e tanto o presidente da instituição, Mario Draghi, como
o do banco central alemão (Bundesbank), Jens Weidmann, observaram que não há
evidências recentes que os consumidores estejam adiando suas compras - o que é
um fator alarmante em cenários de deflação.
"A impressão que temos a partir dos comentários dos membros do BCE é de
que as circunstâncias ainda não pedem uma ação no momento, e é mais
provável que a instituição continue com a política monetária atual na
reunião de 3 de abril", afirmou Howard Archer, analista do IHS Global.
Segundo ele, os recentes comentários de Weidmann sobre a possibilidade de
medidas de estímulo como taxas de depósitos negativas ou compra de títulos ao
estilo do Federal Reserve são apenas tentativas de desvalorizar o euro. Além
disso, Weidmann também observou que a eurozona não está em um ciclo de
deflação e que o BCE não deve exagerar na resposta a uma inflação que está
sendo pressionada por preços de energia e alimentos.
Em paralelo, os dados econômicos continuam confirmando a recuperação
gradual da zona do euro. O aumento na renda e na confiança do consumidor e a
estabilização no mercado de trabalho devem compensar parcialmente as pressões
para que o BCE aja contra a baixa inflação.
De acordo com os analistas, o BCE enfrenta outro dilema que o impede de
realizar uma ação mais acomodatícia: o mercado pode interpretar essas medidas
como um reconhecimento, por parte do banco, de que há risco de deflação, o
que causaria alarde nos mercados financeiros.
"O uso de uma artilharia pesada pode ter o efeito contrário, se as medidas
deliberadas aumentarem os temores sobre a deflação. Neste sentido, o BCE
possui uma forte estratégia verbal e usa apenas o poder de sua voz para manter
o mercado estável", afirmou de Groot.
MEDIDAS
Segundo os analistas, se o BCE tomar alguma medida será provavelmente em
resposta a uma maior valorização do euro ou uma recaída na recuperação
econômica. "Se este for o caso, o banco deve incluir medidas com o objetivo de
aumentar a liquidez na economia", comentou Archer.
Neste caso, as ações mais prováveis seriam a suspensão da
esterilização do Securities Markets Programme (SMP) - o programa de compra de
títulos soberanos no mercado secundário usado pelo BCE no passado - ou o
lançamento de um novo programa de LTROs - empréstimos tomados por meio das
linhas de refinanciamento de longo prazo - para estimular o crédito bancário
ao setor privado.
Paula Selmi / Agência CMA
índice de inflação da eurozona em março - menor nível em cinco anos - o
Banco Central Europeu (BCE) não deve alterar suas perspectivas para o risco de
deflação, nem anunciará novas medidas de estímulo na reunião monetária
desta quinta-feira. É o que opinam os analistas ouvidos pela Agência CMA.
A agência de estatísticas da União Europeia (Eurostat) divulgou nesta
segunda-feira que o índice de preços ao consumidor da zona do euro subiu 0,5%
em março na comparação com igual período do ano passado, após registrar
alta de 0,7% em fevereiro, ficando ainda mais longe da meta do BCE de 2%.
A notícia da desaceleração do indicador, a recente valorização do euro
e a redução no volume de empréstimos a empresas na eurozona fizeram os
investidores especularem que o BCE tomaria alguma medida de estímulo na
reunião de amanhã, a fim de estimular a economia europeia.
"É claro que a baixa inflação é preocupante, mas o resultado foi guiado
por fatores bons, como os menores custos dos alimentos e da energia, fatores
que o BCE não pode controlar", afirmou Elwin de Groot, economista do Rabobank,
em relatório. "Ou seja, o presidente do BCE pode lidar com esse revés no
cenário".
Os líderes do BCE têm afirmado que os riscos de deflação na eurozona
são muito limitados, e tanto o presidente da instituição, Mario Draghi, como
o do banco central alemão (Bundesbank), Jens Weidmann, observaram que não há
evidências recentes que os consumidores estejam adiando suas compras - o que é
um fator alarmante em cenários de deflação.
"A impressão que temos a partir dos comentários dos membros do BCE é de
que as circunstâncias ainda não pedem uma ação no momento, e é mais
provável que a instituição continue com a política monetária atual na
reunião de 3 de abril", afirmou Howard Archer, analista do IHS Global.
Segundo ele, os recentes comentários de Weidmann sobre a possibilidade de
medidas de estímulo como taxas de depósitos negativas ou compra de títulos ao
estilo do Federal Reserve são apenas tentativas de desvalorizar o euro. Além
disso, Weidmann também observou que a eurozona não está em um ciclo de
deflação e que o BCE não deve exagerar na resposta a uma inflação que está
sendo pressionada por preços de energia e alimentos.
Em paralelo, os dados econômicos continuam confirmando a recuperação
gradual da zona do euro. O aumento na renda e na confiança do consumidor e a
estabilização no mercado de trabalho devem compensar parcialmente as pressões
para que o BCE aja contra a baixa inflação.
De acordo com os analistas, o BCE enfrenta outro dilema que o impede de
realizar uma ação mais acomodatícia: o mercado pode interpretar essas medidas
como um reconhecimento, por parte do banco, de que há risco de deflação, o
que causaria alarde nos mercados financeiros.
"O uso de uma artilharia pesada pode ter o efeito contrário, se as medidas
deliberadas aumentarem os temores sobre a deflação. Neste sentido, o BCE
possui uma forte estratégia verbal e usa apenas o poder de sua voz para manter
o mercado estável", afirmou de Groot.
MEDIDAS
Segundo os analistas, se o BCE tomar alguma medida será provavelmente em
resposta a uma maior valorização do euro ou uma recaída na recuperação
econômica. "Se este for o caso, o banco deve incluir medidas com o objetivo de
aumentar a liquidez na economia", comentou Archer.
Neste caso, as ações mais prováveis seriam a suspensão da
esterilização do Securities Markets Programme (SMP) - o programa de compra de
títulos soberanos no mercado secundário usado pelo BCE no passado - ou o
lançamento de um novo programa de LTROs - empréstimos tomados por meio das
linhas de refinanciamento de longo prazo - para estimular o crédito bancário
ao setor privado.
Paula Selmi / Agência CMA
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