sexta-feira, 17 de agosto de 2012

PERSPECTIVA MACRO: Pacote agregará quase R$ 130 bi ao PIB entre 2013 e 2017


   São Paulo, 17 de agosto de 2012 - Estimativas preliminares da LCA
Consultoria apontam que cada R$ 1 bilhão aplicado em maquinário e construção

tem retorno de R$ 1,4 bilhão ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro por
conta dos efeitos indiretos dos aportes sobre o emprego e a renda. Dessa forma,
conforme análise consultoria, os R$ 79,5 bilhões previstos para serem
investidos nos primeiros cinco anos - conforme fora anunciado nesta semana pelo
governo por meio do Programa de Investimentos em Logística: Rodovias e
Ferrovias, que prevê a aplicação total de R$ 133 bilhões ao longo de 25 anos
- poderão agregar R$ 128,8 bilhões ao PIB brasileiro no período entre 2013 e
 2017, ou seja, um acréscimo de 0,1 ponto percentual (pp) ao ano.

   A projeção foi feita com base no valor de R$ 92 bilhões a preços
correntes, considerando uma inflação de cerca de 5% ao ano e um fluxo de
investimentos com distribuição uniforme nos cinco anos. "Esse cálculo não
leva em conta, porém, os efeitos que a melhora do investimento em
infraestrutura podem gerar sobre a competitividade e a produtividade da economia
 brasileira nos próximos anos", ponderam os analistas da LCA Consultoria.

   "Dar um número fechado é difícil. A ideia é que provavelmente o impacto
no PIB seja mais de longo prazo, já que os efeitos serão de longo prazo.
Embora os números anunciados sejam grandes e animadores, não serão feitos
todos em um ano", opina Maurício Canêdo Pinheiro, pesquisador do Instituto
Brasileiro de Economia (Ibre) e professor da Escola Brasileira de Economia e
Finanças (Ebef) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

   De acordo com os analistas da LCA, os impactos macroeconômicos desses
investimentos deverão ser sentidos apenas da segunda metade de 2013 em diante,
mas avaliam que, no curto prazo, o anúncio dessas medidas tenha a capacidade de
gerar um "choque de confiança positivo sobre os empresários brasileiros", o
que pode impulsionar investimentos privados e a atividade econômica com um
todo ainda em 2012.

   Celso Grisi, professor da Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) e diretor-presidente do
Instituto de Pesquisa Fractal, avalia que os primeiros impactos na economia
começarão a ser sentidos do segundo trimestre de 2013 ao primeiro semestre de
2014, "em uma perspectiva otimista".

   "O programa seria empolgante não fosse o fato de que o projeto é de 25
anos e para finalizar levará muitos anos. Não podemos esperar grande
contribuição para o PIB por conta desse prazo enorme", pondera Grisi.

   Para o economista, o País precisará demonstrar aos empresários segurança
jurídica, que respeitará todos os contratos e que não haverá mudanças no
médio ou longo prazo no sistema de regras para licitação. Gilberto Braga,
professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), vai ainda mais
longe e coloca em xeque a implantação do programa. "É uma novidade boa, mas
não há certeza de que o modelo vá pegar. Depende muito de como vai ser
formatado. O formato tradicional que o empresariado está acostumado é o modelo
de privatização onde você paga para ser concessionário ou arrendatário de
um serviço público e vai ter que correr atrás da receita. Isso mudou", conta
 Braga.

   Pinheiro também avalia o estímulo como "um grande conjunto de
intenções" e que seu sucesso dependerá de como o governo cuidará do
gerenciamento dos projetos e do seu papel como regulador. "De certa maneira o
governo reconheceu que não tem fôlego para tocar todas as obras de
infraestrutura que o Brasil precisa. Se o marco regulatório não for bem feito
corremos o risco de fracassar nos mesmos problemas que temos quando a execução
é publica. A direção é correta, resta saber se passaremos das intenções
para o plano prático", avalia.

   Para Aurélio Bicalho e Luiz Cherman, economistas do banco Itaú, o desafio
também é regulatório, já que é necessário um equilíbrio entre risco e
retorno e incentivos corretos para que os investimentos sejam, de fato,
realizados. "O cronograma divulgado sugere que os impactos na atividade
econômica devem começar a aparecer de forma mais significativa entre o final
de 2013 e início de 2014", avaliam os economistas.

   De acordo com o anúncio do governo, os estudos deverão ser concluídos
até dezembro deste ano, com as audiências públicas acontecendo no começo de
2013, os editais sendo publicados em março, as licitações realizadas em
abril, com a assinatura dos contratos entre maio e julho de 2013.

   Diante disso, Braga ressalta não ser possível avaliar "com convicção"
o que acontecerá, mas espera que o pacote estimule o crescimento da economia de
maneira notável no PIB. "Mas temos que esperar um pouco mais para poder
entender melhor o funcionamento do modelo. Acho prematuro falar em números",
avalia.

   No que se refere à confiança de empresários de outros setores privados
para a retomada de investimentos, Gilberto Braga acredita que os efeitos também
serão de médio a longo prazos. "Melhora a confiança sem dúvida, mas dizer
que isso é suficiente para ele voltar a investir é precoce. Temos que esperar
alguma coisa mais direta, um aceno mais concreto para outros segmentos",
avalia.

   Pinheiro também acredita que os demais empresários poderão aumentar seus
investimentos à medida que o pacote demonstrar efeitos práticos, deixando em
evidência a percepção de que seu negócio ficou mais competitivo. "Quando os
projetos começarem a sair do papel, se o empresário tem a confiança de
quando a obra ficará pronta, ele vai se antecipar e fazer investimentos",
explica.

   "A coisa mais interessante do pacote foi a bandeira branca para
investimentos internacionais. Estávamos com clima de rivalidade, mostrando que
o País era um lugar hostil para receber capital estrangeiro. Isso mostra o
contrário, mostra que aproveitaremos o melhor da iniciativa privada e o melhor
do governo, que é sua capacidade de regular e fiscalizar, coisa que até hoje
não foi feita. Não devemos sofrer nenhuma consequência ruim, os impactos
serão bons no longo prazo", avalia Grisi.
 
   São Paulo, 17 de agosto de 2012 - Estimativas preliminares da LCA
Consultoria apontam que cada R$ 1 bilhão aplicado em maquinário e construção
tem retorno de R$ 1,4 bilhão ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro por
conta dos efeitos indiretos dos aportes sobre o emprego e a renda. Dessa forma,
conforme análise consultoria, os R$ 79,5 bilhões previstos para serem
investidos nos primeiros cinco anos - conforme fora anunciado nesta semana pelo
governo por meio do Programa de Investimentos em Logística: Rodovias e
Ferrovias, que prevê a aplicação total de R$ 133 bilhões ao longo de 25 anos
- poderão agregar R$ 128,8 bilhões ao PIB brasileiro no período entre 2013 e
 2017, ou seja, um acréscimo de 0,1 ponto percentual (pp) ao ano.

   A projeção foi feita com base no valor de R$ 92 bilhões a preços
correntes, considerando uma inflação de cerca de 5% ao ano e um fluxo de
investimentos com distribuição uniforme nos cinco anos. "Esse cálculo não
leva em conta, porém, os efeitos que a melhora do investimento em
infraestrutura podem gerar sobre a competitividade e a produtividade da economia
 brasileira nos próximos anos", ponderam os analistas da LCA Consultoria.

   "Dar um número fechado é difícil. A ideia é que provavelmente o impacto
no PIB seja mais de longo prazo, já que os efeitos serão de longo prazo.
Embora os números anunciados sejam grandes e animadores, não serão feitos
todos em um ano", opina Maurício Canêdo Pinheiro, pesquisador do Instituto
Brasileiro de Economia (Ibre) e professor da Escola Brasileira de Economia e
Finanças (Ebef) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

   De acordo com os analistas da LCA, os impactos macroeconômicos desses
investimentos deverão ser sentidos apenas da segunda metade de 2013 em diante,
mas avaliam que, no curto prazo, o anúncio dessas medidas tenha a capacidade de
gerar um "choque de confiança positivo sobre os empresários brasileiros", o
que pode impulsionar investimentos privados e a atividade econômica com um
todo ainda em 2012.

   Celso Grisi, professor da Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) e diretor-presidente do
Instituto de Pesquisa Fractal, avalia que os primeiros impactos na economia
começarão a ser sentidos do segundo trimestre de 2013 ao primeiro semestre de
2014, "em uma perspectiva otimista".

   "O programa seria empolgante não fosse o fato de que o projeto é de 25
anos e para finalizar levará muitos anos. Não podemos esperar grande
contribuição para o PIB por conta desse prazo enorme", pondera Grisi.

   Para o economista, o País precisará demonstrar aos empresários segurança
jurídica, que respeitará todos os contratos e que não haverá mudanças no
médio ou longo prazo no sistema de regras para licitação. Gilberto Braga,
professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), vai ainda mais
longe e coloca em xeque a implantação do programa. "É uma novidade boa, mas
não há certeza de que o modelo vá pegar. Depende muito de como vai ser
formatado. O formato tradicional que o empresariado está acostumado é o modelo
de privatização onde você paga para ser concessionário ou arrendatário de
um serviço público e vai ter que correr atrás da receita. Isso mudou", conta
 Braga.

   Pinheiro também avalia o estímulo como "um grande conjunto de
intenções" e que seu sucesso dependerá de como o governo cuidará do
gerenciamento dos projetos e do seu papel como regulador. "De certa maneira o
governo reconheceu que não tem fôlego para tocar todas as obras de
infraestrutura que o Brasil precisa. Se o marco regulatório não for bem feito
corremos o risco de fracassar nos mesmos problemas que temos quando a execução
é publica. A direção é correta, resta saber se passaremos das intenções
para o plano prático", avalia.

   Para Aurélio Bicalho e Luiz Cherman, economistas do banco Itaú, o desafio
também é regulatório, já que é necessário um equilíbrio entre risco e
retorno e incentivos corretos para que os investimentos sejam, de fato,
realizados. "O cronograma divulgado sugere que os impactos na atividade
econômica devem começar a aparecer de forma mais significativa entre o final
de 2013 e início de 2014", avaliam os economistas.

   De acordo com o anúncio do governo, os estudos deverão ser concluídos
até dezembro deste ano, com as audiências públicas acontecendo no começo de
2013, os editais sendo publicados em março, as licitações realizadas em
abril, com a assinatura dos contratos entre maio e julho de 2013.

   Diante disso, Braga ressalta não ser possível avaliar "com convicção"
o que acontecerá, mas espera que o pacote estimule o crescimento da economia de
maneira notável no PIB. "Mas temos que esperar um pouco mais para poder
entender melhor o funcionamento do modelo. Acho prematuro falar em números",
avalia.

   No que se refere à confiança de empresários de outros setores privados
para a retomada de investimentos, Gilberto Braga acredita que os efeitos também
serão de médio a longo prazos. "Melhora a confiança sem dúvida, mas dizer
que isso é suficiente para ele voltar a investir é precoce. Temos que esperar
alguma coisa mais direta, um aceno mais concreto para outros segmentos",
avalia.

   Pinheiro também acredita que os demais empresários poderão aumentar seus
investimentos à medida que o pacote demonstrar efeitos práticos, deixando em
evidência a percepção de que seu negócio ficou mais competitivo. "Quando os
projetos começarem a sair do papel, se o empresário tem a confiança de
quando a obra ficará pronta, ele vai se antecipar e fazer investimentos",
explica.

   "A coisa mais interessante do pacote foi a bandeira branca para
investimentos internacionais. Estávamos com clima de rivalidade, mostrando que
o País era um lugar hostil para receber capital estrangeiro. Isso mostra o
contrário, mostra que aproveitaremos o melhor da iniciativa privada e o melhor
do governo, que é sua capacidade de regular e fiscalizar, coisa que até hoje
não foi feita. Não devemos sofrer nenhuma consequência ruim, os impactos
serão bons no longo prazo", avalia Grisi.

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