São Paulo, 17 de agosto de 2012 - A demanda mundial por petróleo deve
crescer novamente no segundo semestre de 2012, incentivada pela procura nos
Estados Unidos e na China e pela estabilidade no Oriente Médio. A análise
otimista é dos economistas do setor petrolífero entrevistados pela Agência
Leia, que contestam as previsões da Agência Internacional de Energia (AIE)
para os próximos anos.
Na sexta-feira passada, o órgão afirmou num relatório mensal que o fraco
crescimento mundial pode limitar o ritmo de expansão da demanda por petróleo a
900 mil barris de petróleo por dia neste ano, para aproximadamente 89,6
milhões de barris diários. Em 2013, o aumento seria ainda menor, de 800 mil
barris por dia, em função da combinação de preços persistentemente elevados
e de um fraco cenário econômico.
Segundo Harry Tchilinguirian, operador de petróleo do BNP Paribas em
Londres, a AIE pode estar sendo conservadora em suas previsões. "Sou mais
otimista sobre o próximo ano, pois espero um estímulo monetário no futuro em
nível mundial (Estados Unidos, China e zona do euro) para impulsionar o
crescimento econômico e acredito principalmente na utilização intensiva de
energia pelos mercados emergentes, como a China", afirma.
Os indicadores desanimadores a respeito da economia não impediram a China
de fazer investimentos maciços no setor energético. O país, segundo maior
comprador mundial de petróleo, está construindo quatro reservas de emergência
de da commodity e planeja estocar um volume maior de barris para ajudar a
reduzir a flutuação dos preços domésticos.
"Estou impressionado pelos investimentos da China em petróleo na Arábia
Saudita, Israel, Egito, Nigéria, Brasil e Venezuela. Isso é importante, pois
em 20 a 30 anos, o país será o maior consumidor de petróleo, ocupando a
primeira posição entre os importadores da Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (Opep)", declara Gregg Laskoski, analista sênior de
petróleo da Gasbuddy.
"Além disso, estamos observando os recentes dados econômicos positivos
dos Estados Unidos e os fortes ganhos das companhias norte-americanas, o que nos
mostra sinais de melhora nos mercados a partir do segundo semestre de 2012",
acrescenta Myrto Souk, operador do mercado de petróleo da Sucden Financial.
Embora os especialistas não se preocupem com a desaceleração da demanda,
alguns apontam potenciais problemas na cadeia de abastecimento, algo que pode
levar os preço do petróleo a um patamar ainda maior do que o atual.
Para Tchilinguirian, há deficiências de abastecimento em países como
Sudão, Síria e Iêmen que mantêm o petróleo produzido nessas regiões fora
do mercado. "No lado da oferta, as tensões no Oriente Médio ajudam a alta do
preço, assim como as sanções ao petróleo iraniano, que fazem os
importadores mudarem para outras fontes mais caras de abastecimento".
Ele diz ainda que o progresso que se obtém na América do Norte,
principalmente nas explorações de petróleo do xisto nos Estados Unidos, não
é traduzido em bons resultados, pois a oferta não é "acessível
geograficamente ao mercado em geral".
Laskoski reforça o argumento e exemplifica com o estado da Califórnia,
onde a distribuição do petróleo é afetada por problemas no porto, oleodutos,
caminhões e infraestrutura geral.
"A profundidade da água na Califórnia e em outros estados
norte-americanos limita o acesso por portos, uma vez que é muito rasa para
grandes navios petrolíferos", afirmou. Segundo ele, as navegações precisam
ancorar em zonas específicas fora dos portos e os barris são transportados por
pequenos botes, o que aumenta o custo de entrega do petróleo bruto para as
refinarias. "Os Estados Unidos precisam pensar em mais formas de abastecimento
sem passar pelos portos", conclui.
Com a aproximação das eleições de novembro, a discussão sobre o preço
do petróleo vem ganhando contornos cada vez mais políticos, afirma Altair
Ferreira Filho, coordenador de Engenharias do Ibmec - Rio de Janeiro.
"Os republicanos dizem que os preços da gasolina estão altos porque o
governo de Barack Obama engessou a indústria de energia ao bloquear ou impedir
a exploração de novos projetos do setor, como o oleoduto Keystone XL da
Transcanada Corporation. Já a Casa Branca contesta dizendo que a produção
doméstica de petróleo bruto é a maior dos últimos oito anos, ao mesmo tempo
que as importações de petróleo caíram desde a posse do presidente".
No Oriente Médio, ele receia ainda de que os distúrbios sociais em curso
na Líbia e Síria possam se estender a outros produtores importantes de
petróleo bruto na região, entre eles a Arábia Saudita.
"O Brent atualmente beira os US$ 115 por barril, mostrando potencial para
mais ganhos, chegando a US$ 120 por barril. A recente alta do petróleo pode
limitar a recuperação global e prejudicar a confiança do mercado. Se o Brent
atingir US$ 120, o mercado de ações sentirá com certeza os efeitos negativos
para a recuperação econômica", alerta Myrto Souk, da Sucden Financial.
"É sempre difícil identificar qual o momento em que a elevação do
preço do petróleo pode afetar negativamente o crescimento econômico. No
entanto, se formos nos guiar pelas experiências recentes, manter o preço numa
média de US$ 125 dólar o barril para o Brent por vários trimestres pode
trazer sim impactos negativos no crescimento. No passado, a economia global foi
capaz de sustentar preços mais altos, uma vez que os efeitos da renda ajudavam
a amenizar o impacto da alta, como em 2007 e no começo de 2008. Hoje não temos
mais esse cenário", declara Tchilinguirian.
São Paulo, 17 de agosto de 2012 - A demanda mundial por petróleo deve
crescer novamente no segundo semestre de 2012, incentivada pela procura nos
Estados Unidos e na China e pela estabilidade no Oriente Médio. A análise
otimista é dos economistas do setor petrolífero entrevistados pela Agência
Leia, que contestam as previsões da Agência Internacional de Energia (AIE)
para os próximos anos.
Na sexta-feira passada, o órgão afirmou num relatório mensal que o fraco
crescimento mundial pode limitar o ritmo de expansão da demanda por petróleo a
900 mil barris de petróleo por dia neste ano, para aproximadamente 89,6
milhões de barris diários. Em 2013, o aumento seria ainda menor, de 800 mil
barris por dia, em função da combinação de preços persistentemente elevados
e de um fraco cenário econômico.
Segundo Harry Tchilinguirian, operador de petróleo do BNP Paribas em
Londres, a AIE pode estar sendo conservadora em suas previsões. "Sou mais
otimista sobre o próximo ano, pois espero um estímulo monetário no futuro em
nível mundial (Estados Unidos, China e zona do euro) para impulsionar o
crescimento econômico e acredito principalmente na utilização intensiva de
energia pelos mercados emergentes, como a China", afirma.
Os indicadores desanimadores a respeito da economia não impediram a China
de fazer investimentos maciços no setor energético. O país, segundo maior
comprador mundial de petróleo, está construindo quatro reservas de emergência
de da commodity e planeja estocar um volume maior de barris para ajudar a
reduzir a flutuação dos preços domésticos.
"Estou impressionado pelos investimentos da China em petróleo na Arábia
Saudita, Israel, Egito, Nigéria, Brasil e Venezuela. Isso é importante, pois
em 20 a 30 anos, o país será o maior consumidor de petróleo, ocupando a
primeira posição entre os importadores da Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (Opep)", declara Gregg Laskoski, analista sênior de
petróleo da Gasbuddy.
"Além disso, estamos observando os recentes dados econômicos positivos
dos Estados Unidos e os fortes ganhos das companhias norte-americanas, o que nos
mostra sinais de melhora nos mercados a partir do segundo semestre de 2012",
acrescenta Myrto Souk, operador do mercado de petróleo da Sucden Financial.
Embora os especialistas não se preocupem com a desaceleração da demanda,
alguns apontam potenciais problemas na cadeia de abastecimento, algo que pode
levar os preço do petróleo a um patamar ainda maior do que o atual.
Para Tchilinguirian, há deficiências de abastecimento em países como
Sudão, Síria e Iêmen que mantêm o petróleo produzido nessas regiões fora
do mercado. "No lado da oferta, as tensões no Oriente Médio ajudam a alta do
preço, assim como as sanções ao petróleo iraniano, que fazem os
importadores mudarem para outras fontes mais caras de abastecimento".
Ele diz ainda que o progresso que se obtém na América do Norte,
principalmente nas explorações de petróleo do xisto nos Estados Unidos, não
é traduzido em bons resultados, pois a oferta não é "acessível
geograficamente ao mercado em geral".
Laskoski reforça o argumento e exemplifica com o estado da Califórnia,
onde a distribuição do petróleo é afetada por problemas no porto, oleodutos,
caminhões e infraestrutura geral.
"A profundidade da água na Califórnia e em outros estados
norte-americanos limita o acesso por portos, uma vez que é muito rasa para
grandes navios petrolíferos", afirmou. Segundo ele, as navegações precisam
ancorar em zonas específicas fora dos portos e os barris são transportados por
pequenos botes, o que aumenta o custo de entrega do petróleo bruto para as
refinarias. "Os Estados Unidos precisam pensar em mais formas de abastecimento
sem passar pelos portos", conclui.
Com a aproximação das eleições de novembro, a discussão sobre o preço
do petróleo vem ganhando contornos cada vez mais políticos, afirma Altair
Ferreira Filho, coordenador de Engenharias do Ibmec - Rio de Janeiro.
"Os republicanos dizem que os preços da gasolina estão altos porque o
governo de Barack Obama engessou a indústria de energia ao bloquear ou impedir
a exploração de novos projetos do setor, como o oleoduto Keystone XL da
Transcanada Corporation. Já a Casa Branca contesta dizendo que a produção
doméstica de petróleo bruto é a maior dos últimos oito anos, ao mesmo tempo
que as importações de petróleo caíram desde a posse do presidente".
No Oriente Médio, ele receia ainda de que os distúrbios sociais em curso
na Líbia e Síria possam se estender a outros produtores importantes de
petróleo bruto na região, entre eles a Arábia Saudita.
"O Brent atualmente beira os US$ 115 por barril, mostrando potencial para
mais ganhos, chegando a US$ 120 por barril. A recente alta do petróleo pode
limitar a recuperação global e prejudicar a confiança do mercado. Se o Brent
atingir US$ 120, o mercado de ações sentirá com certeza os efeitos negativos
para a recuperação econômica", alerta Myrto Souk, da Sucden Financial.
"É sempre difícil identificar qual o momento em que a elevação do
preço do petróleo pode afetar negativamente o crescimento econômico. No
entanto, se formos nos guiar pelas experiências recentes, manter o preço numa
média de US$ 125 dólar o barril para o Brent por vários trimestres pode
trazer sim impactos negativos no crescimento. No passado, a economia global foi
capaz de sustentar preços mais altos, uma vez que os efeitos da renda ajudavam
a amenizar o impacto da alta, como em 2007 e no começo de 2008. Hoje não temos
mais esse cenário", declara Tchilinguirian.
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