quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Vale vê demanda maior, mas preço não entusiasma ainda


RIO DE JANEIRO, 25 Out (Reuters) - A Vale deve se beneficiar de um cenário positivo do preço do minério de ferro neste trimestre, com sinais de recuperação da demanda, mas demonstra que a recente reação dos valores do seu principal produto ainda não é motivo para entusiasmo.
Neste contexto, a empresa seguirá com ajustes de projetos e adiamento de investimentos não prioritários, em processo iniciado nos últimos meses em meio a um cenário econômico
menos otimista, apontaram nesta quinta-feira executivos da maior produtora de minério de ferro do mundo.
As perspectivas para performance de preços do minério de ferro estão melhores do que no trimestre anterior, disse nesta quinta-feira o diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia da mineradora, José Carlos Martins, em teleconferência para analistas de mercado para comentar os resultados financeiros.
Os estoques de minério de ferro e de aço na China, maior consumidor global, estão mais baixos, mas isso não é suficiente para levantar preços além dos níveis atuais, sinalizou o executivo.
Os preços do minério na China atingiram o nível de 120 dólares por tonelada, o maior patamar em três meses nesta semana, após despencarem desde agosto e iniciarem uma retomada em setembro, depois de uma mínima de cerca de três anos.
O executivo indicou que um impacto positivo mais forte no preço do minério só deverá ocorrer se produção de aço na China crescer mais expressivamente.
"O momento atual é mais positivo para minério de ferro, mas não é de entusiasmo", afirmou Martins.
O diretor da Vale disse que preço do minério pode ter volatilidade grande em 2013, mas em termos médios não deve fugir dos níveis atuais.  
As ações da Vale operavam em alta de quase 4 por cento por volta das 13h45, impulsionando o Ibovespa, que subia 0,95 por cento no mesmo horário.
O lucro da companhia despencou 57,8 por cento no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para 3,328 bilhões de reais, por conta da expressiva queda nos preços do minério de ferro e uma pequena redução nas vendas.
RETARDOU VENDAS
A Vale retardou vendas de minério de ferro no mercado em meio a preços baixos no terceiro trimestre.
O valor médio do produto vendido pela Vale no terceiro trimestre foi de 83,69 dólares por tonelada, cerca de 45 por cento inferior ao preço de 151,26 dólares por tonelada no mesmo período do ano passado.
O volume vendido de minério de ferro no terceiro trimestre caiu 1,2 por cento, para 66,2 milhões de toneladas, ante 67 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado. As vendas ficaram bem abaixo da produção.
A produção de minério de ferro da Vale atingiu 83,92 milhões de toneladas no terceiro trimestre deste ano, uma queda de 4,5 por cento em relação ao recorde alcançado no mesmo período do ano passado, quando a China turbinava a demanda pelo produto.
INVESTIMENTO MENOR
Por conta do resultado menor e um cenário menos otimista, a maior produtora de minério de ferro do mundo confirmou que reduzirá investimentos.   
O investimento da Vale no próximo ano será menor que o de 2012, disse o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Luciano Siani, na mesma teleconferência.
A empresa colocou em revisão os projetos Simandou, na Guiné, e disse que avalia desinvestir de Nova Caledônia, após ter cortado produção de pelotas e paralisado obras em uma siderúrgica no Pará.
A Vale reiterou que o projeto de expansão de Carajás, Serra Sul, e de carvão, Moatize, em Moçambique, são prioridade absoluta.
Com a expansão de Carajás --Serra Sul é um projeto de 90 milhões de toneladas anuais de minério--, a Vale diz que vai recuperar participação de mercado perdida nos últimos anos.
Para se concentrar em suas prioridades, a mineradora deverá seguir com desinvestimentos em algumas áreas menos importantes.
"Estamos avaliando ativos de base metals", disse o diretor financeiro.
Ele afirmou que a companhia está tentando mitigar todos os riscos do projeto Rio Colorado, um empreendimento bilionário de potássio na Argentina.
Ao contrário de Simandou, o projeto Rio Colorado continua no portfólio de principais projetos, com previsão de início de operação no segundo semestre de 2014.
"Estamos ativamente buscando parceiros para o projeto", disse Siani.
(Com reportagem adicional de Jeb Blount, no Rio, Gustavo Bonato e Reese Ewing, em São Paulo)


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Educação Financeira com disciplina e inteligência.