Por Lucia Mutikani
WASHINGTON, 31 Jul (Reuters) - O crescimento econômico dos Estados Unidos acelerou inesperadamente no segundo trimestre, estabelecendo uma base mais firme para o resto do ano que pode deixar o Federal Reserve, banco central do país, mais perto de reduzir seu estímulo monetário.
O Produto Interno Bruto (PIB) expandiu a uma taxa anual de 1,7 por cento, informou o Departamento do Comércio nesta quarta-feira, acelerando ante a leitura revisada para baixo do primeiro trimestre de 1,1 por cento.
Economistas consultados pela Reuters estimavam que a economia cresceria ao ritmo de 1 por cento, após divulgação anterior de avanço de 1,8 por cento nos três primeiros meses do ano.
Um relatório separado mostrou que o setor privado manteve o alto ritmo de contratações em julho, somando-se ao cenário econômico otimista.
"Nós temos uma surpresa positiva no PIB que expressa claramente a recuperação de empregos que nós estamos consolidando. A recuperação na economia está começando a se enraizar", disse o diretor de análise de mercado da Lek Securities, Andre Bakhos.
A recuperação nos gastos empresariais, o crescimento das exportações e forte moderação no ritmo de queda nas despesas do governo impulsionaram o crescimento econômico no período de abril a junho, compensando a desaceleração nos gastos do consumidor e a taxa estável de acúmulo de estoques.
Mesmo assim, o relatório marca o terceiro trimestre consecutivo de crescimento do PIB abaixo de 2 por cento, ritmo que normalmente seria muito fraco para diminuir o desemprego. Mas o crescimento deve ganhar ainda mais força no segundo semestre deste ano, à medida que o fardo fiscal trazido pelo aperto em Washington se atenua.
As autoridades do Fed, lutando com a decisão sobre o futuro do programa de compra de títulos de 85 bilhões de dólares ao mês, provavelmente irão observar a revisão para baixo do crescimento do primeiro trimestre, mas encontrarão conforto na aceleração da produção no último trimestre, quando eles concluírem a reunião de dois dias nesta quarta-feira.
O chairman do Fed, Ben Bernanke, disse no mês passado que o banco central deve começar a reduzir as compras de títulos ainda neste ano e provavelmente interrompê-las até meados de 2014, se a economia progredir como esperado.
"A visão do Fed é de que as forças fiscais irão se dissipar nos próximos meses", disse o economista Thomas Costerg, do Standard Chartered, em Nova York. "Se você descontar o peso fiscal, o crescimento seria mais forte, e eu acho que é para isso que o Fed está olhando".
REVISÕES OTIMISTAS
Somando-se à essência mais positiva do relatório, revisões abrangentes dos dados lançam a economia em um cenário melhor do que antes.
O governo tem implementado algumas mudanças ao modo que calcula o PIB. Por exemplo, os gastos com pesquisa e desenvolvimento serão agora tratados como investimento.
O crescimento econômico foi relativamente mais forte entre 2009 e 2012 do que anteriormente divulgado. De fato, a economia cresceu 2,8 por cento no ano passado, 0,6 ponto percentual mais rápido do que o governo havia estimado anteriormente.
As revisões também mostram maior taxa de poupança, um bom presságio para os gastos do consumidor no futuro.
Os impostos mais altos, com a tentativa de Washington reduzir o déficit de orçamento do governo, prejudicaram os gastos do consumidor no segundo trimestre, mantendo a economia em um ritmo fraco de crescimento.
Os gastos do consumidor, que representam mais de dois terços da atividade econômica dos Estados Unidos, desaceleraram para ritmo de crescimento de 1,8 por cento, após terem subido 2,3 por cento no primeiro trimestre.
O ritmo lento de consumo limitou as pressões inflacionárias, com o índice de preços de gastos de consumo pessoais ficando inalterado no segundo trimestre. Excluindo os alimentos e a energia, os preços subiram 0,8 por cento. Ambas as medidas foram as mais fracas desde o primeiro trimestre de 2009.
Com a demanda doméstica tépida, as empresas evitaram que seus estoques inchassem. O acúmulo de estoques somou 0,41 ponto percentual ao crescimento, menos que a metade da contribuição do trimestre anterior.
Outros detalhes do relatório mostraram que as exportações se recuperaram, mostrando o maior ganho percentual desde o terceiro trimestre de 2011, mesmo diante do enfraquecimento na Europa e na China. Mas o aumento não foi o suficiente para compensar o crescimento de importações, deixando déficit comercial que pesou sobre o crescimento.
Houve boas notícias no setor imobiliário, com crescimento de dois dígitos nos gastos com a construção residencial. O setor imobiliário, que deu início à recessão de 2007 a 2009, está crescendo com força, ajudando a manter a recuperação econômica ancorada.
Embora os gastos do governo tenham contraído pelo terceiro trimestre seguido, o ritmo da queda desacelerou com força, conforme os gastos do governo local se recuperaram. Os gastos com defesa tiveram leve queda, após terem caído com força nos últimos dois trimestres.
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