São Paulo, 1 de abril de 2014 - A deterioração e a desancoragem das
expectativas de inflação devem prolongar o ciclo de aperto monetário do Banco
Central (BC). Dessa forma, o aumento da Selic (taxa básica de juros) que
deveria encerrar na reunião de manhã, aos 11%, pode ganhar fôlego para pelo
menos mais uma reunião.
No Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na semana passada
pelo BC, a instituição revisou para cima a projeção de inflação de 2014
com base no cenário de referência, passando-a de 5,6% para 6,1% neste ano.
Neste mesmo contexto, a chance de a inflação ultrapassar o limite da meta
(6,5%) ficou em 38%.
Acostumado a ver o BC nivelar por baixo as estimativas para inflação - por
razões justificáveis, já que a instituição busca ancorar expectativas -, o
mercado acendeu a luz amarela para o Indice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) e reviu as projeções para a taxa de juros.
Segundo Newton Rosa, economista-chefe da SulAmerica Investimentos, a
inflação acumulada vinha mostrando desaceleração nos últimos 12 meses no
final do ano passado, levando o BC a ter uma postura menos favorável a
prolongar o aperto monetário. Entretanto, o cenário atual se mostra
completamente diferente.
"A atividade vem se recuperando, o quadro de inflação se deteriorou e há
o próprio desalinhamento de preços administrados que acabam elevando a
expectativa de novas pressões lá na frente. Com isso, as elevações podem
continuar até maio ou mesmo junho", diz Rosa.
Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, afirma que a
possibilidade de estouro do teto da meta sinalizado pelo BC está muito elevada.
Ela aumentou a projeção para Selic diante da pressão inflacionária.
"Tínhamos estimativa de 10,75% até o fim do ano anteriormente, mas com o
problema da inflação prevemos duas altas de 0,25 ponto percentual (pp), sendo
uma em abril e outra em maio, que deve encerrar o ciclo", conta.
A despeito da elevação da Selic de 7,25% em abril de 2013 para 10,75% até
abril deste ano, a inflação segue mostrando resistência, aponta Eduardo
Velho, economista-chefe da INVX Global Partners e ex-assessor econômico do
Ministério do Planejamento.
O BC costuma afirmar em ata que o efeito dos aumentos é cumulativo e tem
defasagem, mas Velho destaca que o risco de comprometimento da meta já está
elevado neste ano, por isso, a chance de novo aumento da Selic em maio, para
11,25% é de 70%.
Celso Grisi, professor da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do
Instituto de Pesquisa Fractal, vai mais longe e vê Selic em 12% ao ano, uma vez
que o governo não deve lançar mão de outras estratégias para reduzir a
inflação.
"O governo até tem outros instrumentos, como medidas fiscais e cortes de
despesas, mas não está disposto a fazer isso. Sendo assim, o instrumento mais
usado e com possibilidade de colher frutos no curto prazo é a taxa de juros",
assinala Grisi.
Weruska Goeking / Agência CMA
expectativas de inflação devem prolongar o ciclo de aperto monetário do Banco
Central (BC). Dessa forma, o aumento da Selic (taxa básica de juros) que
deveria encerrar na reunião de manhã, aos 11%, pode ganhar fôlego para pelo
menos mais uma reunião.
No Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na semana passada
pelo BC, a instituição revisou para cima a projeção de inflação de 2014
com base no cenário de referência, passando-a de 5,6% para 6,1% neste ano.
Neste mesmo contexto, a chance de a inflação ultrapassar o limite da meta
(6,5%) ficou em 38%.
Acostumado a ver o BC nivelar por baixo as estimativas para inflação - por
razões justificáveis, já que a instituição busca ancorar expectativas -, o
mercado acendeu a luz amarela para o Indice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) e reviu as projeções para a taxa de juros.
Segundo Newton Rosa, economista-chefe da SulAmerica Investimentos, a
inflação acumulada vinha mostrando desaceleração nos últimos 12 meses no
final do ano passado, levando o BC a ter uma postura menos favorável a
prolongar o aperto monetário. Entretanto, o cenário atual se mostra
completamente diferente.
"A atividade vem se recuperando, o quadro de inflação se deteriorou e há
o próprio desalinhamento de preços administrados que acabam elevando a
expectativa de novas pressões lá na frente. Com isso, as elevações podem
continuar até maio ou mesmo junho", diz Rosa.
Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, afirma que a
possibilidade de estouro do teto da meta sinalizado pelo BC está muito elevada.
Ela aumentou a projeção para Selic diante da pressão inflacionária.
"Tínhamos estimativa de 10,75% até o fim do ano anteriormente, mas com o
problema da inflação prevemos duas altas de 0,25 ponto percentual (pp), sendo
uma em abril e outra em maio, que deve encerrar o ciclo", conta.
A despeito da elevação da Selic de 7,25% em abril de 2013 para 10,75% até
abril deste ano, a inflação segue mostrando resistência, aponta Eduardo
Velho, economista-chefe da INVX Global Partners e ex-assessor econômico do
Ministério do Planejamento.
O BC costuma afirmar em ata que o efeito dos aumentos é cumulativo e tem
defasagem, mas Velho destaca que o risco de comprometimento da meta já está
elevado neste ano, por isso, a chance de novo aumento da Selic em maio, para
11,25% é de 70%.
Celso Grisi, professor da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do
Instituto de Pesquisa Fractal, vai mais longe e vê Selic em 12% ao ano, uma vez
que o governo não deve lançar mão de outras estratégias para reduzir a
inflação.
"O governo até tem outros instrumentos, como medidas fiscais e cortes de
despesas, mas não está disposto a fazer isso. Sendo assim, o instrumento mais
usado e com possibilidade de colher frutos no curto prazo é a taxa de juros",
assinala Grisi.
Weruska Goeking / Agência CMA
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Educação Financeira com disciplina e inteligência.