Bancos resistem a aceitar proposta da UE de assumir calote grego de € 100 bi
Plano inclui novas regras para os bancos e um fundo trilionário para blindar a Europa, com ajuda de emergentes como a China e o Brasil
26 de outubro de 2011 | 23h 14
GENEBRA -
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Um impasse entre governos e os maiores bancos do mundo impede no momento um pacote para salvar o euro. A União Europeia fechou um acordo que exige a recapitalização dos bancos e chegou a um consenso sobre a necessidade de quadruplicar o fundo de resgate do continente, usando dinheiro de países emergentes como China e Brasil para blindar o continente. Mas não conseguiu convencer os bancos a aceitarem um calote € 100 bilhões da dívida grega.
Entre os líderes europeus e mesmo os bancos, ninguém mais duvida de que a Grécia vai decretar calote de parte da dívida - a dúvida é sobre qual o valor.
A cúpula da UE desta quarta-feira foi a 14.ª em apenas 21 meses. A promessa era de que seria decisiva. Mas, divididos, os líderes se viram diante de um desafio político e econômico de proporções inéditas desde a criação da moeda única. A meta da UE era fechar um pacote que pudesse dar uma solução para a Grécia, blindar a Europa com um fundo de resgate trilionário e fechar novas regras para a operação dos bancos.
As posições antagônicas ainda prevaleciam até as 3 da madrugada europeia e apenas pontos de princípio foram fechados. Os detalhes ficarão para novembro, enquanto analistas já temem por uma abertura tensa dos mercados nesta quinta-feira.
O ponto mais crítico era a Grécia. Os bancos resistiam à ideia da Alemanha e da França de um calote de 50% da parte privada da dívida grega, que no total chega a 300 bilhões. Só para os bancos, o país deve cerca de € 210 bilhões.
Parte central dessa estratégia seria convencer os bancos a aceitarem a moratória no pagamento dos gregos por quase uma década. O objetivo era de que, até 2020, a dívida da Grécia recuasse em um terço, dos atuais 180% do PIB para 120%.
"Não existe um acordo sobre nenhum dos pontos", declarou Charles Dallara, presidente do Instituto de Finanças Internacionais, que representava os bancos nas negociações.
"Não existe um acordo sobre nenhum dos pontos", declarou Charles Dallara, presidente do Instituto de Finanças Internacionais, que representava os bancos nas negociações.
Em plena madrugada, o encontro decisivo reunia os que de fato mandam: Dallara, a chanceler alemã, Angela Merkel; o presidente francês, Nicolas Sarkozy; e a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde.
Crise globalizada
O desafio não se limitava a dar uma solução para a Grécia. Os europeus chegaram a um acordo de que o fundo de resgate - que hoje tem € 440 bilhões - teria de ser multiplicado por até quatro, e para isso terão de contar com a ajuda dos emergentes. A dificuldade era chegar a um acordo sobre a fonte desse fundo, que ultrapassaria € 1 trilhão, e uma decisão foi deixada também para novembro, dando tempo para que líderes europeus consultem China e outros parceiros.
Hoje, Sarkozy ligaria para o presidente chinês, Hu Jintao, para negociar a participação de Pequim no resgate. O Brasil chegou a citar a compra de papéis da dívida europeia, mas abandonou o projeto ante a recusa dos demais emergentes.
Na sexta-feira, Klaus Regling, diretor do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, viajará a Pequim para se reunir com potenciais investidores. O premiê grego, George Papandreou, vê o fundo como prioridade: "Sem isso, não há como pensar numa solução para a Europa".
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