SÃO PAULO, 14 Mai (Reuters) - O cenário de forte aversão ao risco nos mercados aliado a um movimento de especulação, com investidores testando patamares mais elevados do dólar, fez a moeda norte-americana fechar com alta de quase 2 por cento nesta segunda-feira, encostando no patamar de 2 reais.
O dólar fechou o dia com valorização de 1,73 por cento, cotada a 1,9899 real na venda, na maior valorização diária desde o dia 12 de dezembro passado, quando subiu 1,24 por cento.
Durante o dia, a moeda chegou na máxima de 2,0030 real, subindo 2,40 por cento, o maior patamar intradia desde 13 de julho de 2009, quando a divisa bateu 2,0110 real.
"O mercado foi testar os 2 reais, parece que houve alguma especulação. O dólar subiu bem na hora do almoço, em um horário vazio, e depois desceu rápido", disse o operador de câmbio da B&T Corretora de Câmbio, Marcos Trabbold.
Para ele, com essa alta e um movimento especulativo, aumentou a possibilidade de o Banco Central atuar no mercado cambial por meio de venda de dólares ou leilões de swap cambial tradicional -que equivale a uma venda da moeda no mercado futuro- para tentar conter essa valorização excessiva do dólar.
"Acredito que o BC deve fazer alguma coisa para conter essa valorização especulativa. Só a nossa moeda que está subindo tudo isso", afirmou.
Desde o que o dólar atingiu o 1,90 real, há dez dias, o BC não atuou mais comprando dólares no mercado à vista. Frente a uma cesta de moedas, o dólar registrava valorização de cerca de 0,50 por cento.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, no entanto, afirmou nesta segunda-feira que a alta do dólar beneficia a indústria brasileira diante da concorrência mais acirrada de produtos importados, e que o governo nunca estabeleceu parâmetro para a moeda norte-americana, nem vai estabelecer.
FUTURO INCERTO
Para Trabbold, está difícil estabelecer uma tendência para a moeda, já que há a possibilidade do dólar continuar subindo ante o real com o mercado externo nervoso, mas também é possível que possa ocorrer uma correção em breve, já que o dólar já subiu muito nesta segunda-feira.
"Se lá fora continuar esse nervosimo, pode bater os 2 reais de novo, mas como os mercados já estão há muito tempo negativos, uma hora podem reverter", afirmou.
Para o economista da Link Investimentos, Thiago Carlos, a queda dos preços das commodities também reforça o movimento de queda do dólar frente a moeda brasileira. O índice de commodities CRB caía 1,15 por cento no final desta tarde.
"É normal que nos mercados emergentes ocorra esse movimento mais forte de alta do dólar, reforçado pela queda de preços de commodities", disse o economista, acrescentando que existe a possibilidade de o BC voltar a atuar no mercado.
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