quarta-feira, 2 de maio de 2012

Maioria dos deputados apoia alteração na rentabilidade da poupança


SÃO BERNARDO DO CAMPO - Pesquisa feita pelo Instituto FSB Pesquisa mostra que 49% dos deputados federais são favoráveis à alteração do cálculo de remuneração da poupança, enquanto 31% são contra e 19% disseram não saber opinar ou não responderam. O levantamento foi realizado com 223 parlamentares, entre os dias 24 e 25 de abril, com amostragem proporcional ao tamanho das bancadas dos partidos na Câmara dos Deputados.

A despeito de setores ligados ao movimento sindical estarem contra a mudança, o resultado demonstra a  inclinação do Congresso em fazer a alteração, em razão da progressiva queda da taxa básica de juros que vem comprometendo a rentabilidade de outras aplicações, como os títulos do governo e os fundos de investimentos, por exemplo.
As legendas com deputados mais propensos a uma nova legislação são o PSOL e o PMN, que tiveram apenas um parlamentar consultado e aparecem com 100% de apoio. Mas entre as siglas grandes e médias, é o PDT, cujo braço sindical é a Força, que lidera (67% de um total de nove entrevistados).
Em seguida, vêm PSD (64% entre 22) e PTB e PCdoB (ambos com 60% de apoio de um total de dez consultados). Partidos da oposição estão entre os mais refratários à mudança: PPS (todos os três entrevistados), PSDB (metade dos 26 consultados) e DEM (um terço dos nove).  O PP, sigla à direita do espectro ideológico, porém governista, também teve alta rejeição: 55% dos seus 11 deputados são contrários à proposta.
Os dois maiores partidos da base aliada federal estão na faixa intermediária: 55% dos 38 parlamentares do PMDB são favoráveis, enquanto 49% dos petistas — mesmo percentual da média geral — apoiam a proposta de mudança.
A alteração do cálculo de rentabilidade da poupança vem sendo rediscutida pelo governo federal desde que a taxa básica de juro, a Selic, passou a ser reduzida continuadamente pelos integrantes do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A preocupação da equipe econômica é que, com a queda da taxa, haja um êxodo dos investidores para a poupança, prejudicando as aplicações em títulos do Tesouro e outros rendimentos em renda fixa, que utilizam a Selic como referência.
A caderneta de poupança, além de isenta de imposto de renda, tem remuneração  fixada em lei. A estimativa é que, se os juros básicos da economia caírem para menos de 8,5%, a migração se acentuará. No mês passado, o Copom cortou a Selic em 0,75 ponto percentual, para os atuais 9%.
Entre os projetos em discussão, está a proposta de atrelar a rentabilidade da poupança à Selic, por exemplo, em 80% dos juros básicos. Em 2009, a sugestão do governo de cobrar imposto de renda das aplicações acima de R$ 50 mil na poupança foi considerada polêmica e deixada de lado.
O ex-presidente da CUT e ex-ministro do Trabalho, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), considera que, “a priori”, não é preciso alterar a remuneração da poupança neste momento. “Queremos juros baixos, mas a mudança na poupança depende do patamar”, afirmou, durante o 1º de Maio no ABC. Ele ressaltou que mesmo com eventuais alterações, a rentabilidade tem que ser suficientemente interessante para que a poupança seja estimulada.
No levantamento feito com os parlamentares, o FSB Pesquisa também sondou a posição dos deputados federais em relação à intervenção do Estado na economia. A maioria, 62%, disse ser contrária à decisão tomada pela presidente argentina Cristina Kirchner de estatizar a companhia de petróleo YPF.
Apenas 24%  dos deputados afirmaram ser favoráveis, a maioria deles pertencentes a siglas de esquerda, como PSOL (100%), PT (71%), PCdoB (60%) e PSB (57%). Os entrevistados do PDT (78%), no entanto, foram majoritariamente contrários à estatização, índice semelhante a legendas localizadas mais à direita, como PSDB (85%), PMDB (79%), DEM (78%), PSD e PP (ambas com 73%).
O instituto destaca que “chama a atenção” o fato de o PT estar entre os partidos mais favoráveis à ação do governo argentino seja o PT, legenda da presidente Dilma Rousseff. “ As opiniões dos deputados federais petistas sinalizam uma preferência programática por maior intervenção estatal, inclusive com reestatização de empresas privatizadas num setor considerado estratégico”, assinala o texto em suas conclusões.
Fonte: Valor

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Educação Financeira com disciplina e inteligência.

Confira os 05 Estudos/Artigos/Notícias + acessados na semana