terça-feira, 17 de julho de 2012

Chevron continuará impedida de perfurar no campo de Frade--ANP


RIO DE JANEIRO, 17 Jul (Reuters) - A Chevron continuará impedida de realizar atividades de exploração no campo de Frade até que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) apure as causas dos dois vazamentos ocorridos sob operação da companhia americana na bacia de Campos.

O órgão regulador não deverá negar pedido feito pela empresa para voltar a produzir petróleo no campo de Frade, mas a perfuração e a injeção de água em seus poços não serão autorizadas por enquanto, disse à Reuters nesta terça-feira a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard.
"A interrupção da produção é voluntária; foi a Chevron que pediu para parar e não temos nada contra ela voltar a produzir a princípio... No entanto, perfurar e injetar água em poços continuam interrompidos", disse Magda nesta terça-feira.
Entre as causas que provocaram o segundo vazamento no campo de Frade, em março deste ano, a ANP investiga se a injeção de água em poços pode ter contribuído para o acidente, antecipou a executiva da reguladora, sem dar mais detalhes sobre o assunto.
O processo de injeção de água nos poços contribui para que a pressão do reservatório seja mantida, mantendo ou mesmo aumentando a produtividade de campos de petróleo. A Chevron é conhecida por ter conseguido elevado aproveitamento da água no processo de produção de óleo no campo.
Antes de ser interrompida, a produção em Frade somava cerca de 64 mil barris de óleo equivalente ao dia, segundo boletim da ANP sobre a produção de fevereiro.
FALTA ESCLARECER
Magda confirmou que a ANP deve divulgar nesta semana o relatório que aponta as conclusões sobre o primeiro vazamento, ocorrido em novembro, mas ressaltou que as investigações sobre o segundo ainda estão em andamento e não serão conhecidas por enquanto.
Quatro meses após o vazamento de mais de 2 mil barris de petróleo no campo de Frade durante atividades de perfuração, um pequeno volume de óleo vazou de uma rachadura de 800 metros a 1,2 mil metros, localizada a três quilômetros da região onde ocorreu o primeiro vazamento.
A ANP afirmou ainda, por meio de sua assessoria de imprensa, que a Chevron sofreu 25 atuações e que as multas somarão uma quantia inferior a 50 milhões de reais.
Após o segundo acidente, a ANP autuou a Chevron por não ter tomado as medidas necessárias para evitar um novo vazamento de petróleo na região do campo de Frade.
Em março, logo após o segundo acidente, ANP e Chevron divergiam sobre as causas do novo vazamento. A petroleira americana disse na ocasião que os dois incidentes não estavam relacionados.
Em entrevista à Reuters em dezembro, porém, Magda revelou que o projeto do poço da Chevron não mostrou uma falha que havia no local e pode ter sido determinante para o vazamento de petróleo em novembro.
Em outra ocasião, a diretora da agência afirmou a jornalistas que a empresa não havia concluído de forma adequada a cimentação do poço que provocou o vazamento de novembro.
POSSÍVEIS CAUSAS
O relatório da Polícia Federal, que serviu de base ao processo judicial que corre contra a empresa, concluiu que níveis de pressão equivocados provocaram um "kick" que foi contido por uma válvula de segurança no fundo do mar. Mas, ao ser contido, o petróleo provocou uma pressão contrária rachando a rocha e abrindo uma fenda de centenas de metros abaixo do solo oceânico. O óleo vazou então pela rocha porosa e as bolhas migraram através do solo e depois até a superfície.
A pressão de 9,4 libras por galão que a empresa esperava encontrar no local teria sido equilibrada por outra oposta de 9,5 libras por galão de lama (material usado para equilibrar a pressão.
A diferença de 0,1 libra por galão foi duramente criticada no relatório da PF, que informa que a média usada em perfurações anteriores fora de 0,4 a 0,6 libras por galão. A empresa já havia perfurado 19 poços em Frade.
Além da pressão, a estrutura geológica da região e falta de revestimento necessário na parede do poço teria contribuído para o incidente.
(Reportagem de Sabrina Lorenzi)

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