quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

BC - Política Monetária e Operações de Crédito do SFN. NOTA PARA A IMPRENSA - 19.12.2012

I - Evolução dos agregados monetários

A média dos saldos diários da base monetária alcançou R$206,5 bilhões em novembro, registrando aumentos de 0,2% no mês e 10,3% em doze meses. O comportamento mensal do agregado refletiu a retração de 0,1% no papel-moeda emitido e a elevação de 1,4% no saldo de reservas bancárias.



Entre os fatores que condicionaram a emissão monetária em novembro, sobressaiu a expansão de R$9,7 bilhões relativa aos depósitos de instituições financeiras, determinada, principalmente, pela redução da exigibilidade adicional sobre recursos a prazo, de 12% para 11%. As operações com títulos públicos federais, que incluem a atuação do Banco Central no ajuste da liquidez do mercado monetário, foram expansionistas em R$1 bilhão, em contraponto às operações do Tesouro Nacional, que provocaram contração de R$5,7 bilhões.



O saldo médio diário dos meios de pagamento restritos (M1) atingiu R$278,1 bilhões em novembro, com acréscimos de 0,8% no mês e 9% em doze meses. Nos mesmos períodos, os depósitos à vista apresentaram crescimentos de 1,8% e 5,7%, respectivamente, ao passo que o papel-moeda em poder do público recuou 0,2% no mês, mas cresceu 12,9% em doze meses.

Os meios de pagamento no conceito M2, que corresponde ao M1, além de depósitos de poupança e títulos privados, registraram crescimento mensal de 1,2% em novembro, totalizando R$1,7 trilhão. Esse resultado refletiu os avanços de 5,2% no saldo do M1 e de 1,1% no saldo dos depósitos de poupança, que somaram R$484,9 bilhões, com captações líquidas de R$4,1 bilhões. Os títulos privados, com saldo de R$954,5 bilhões, mantiveram-se estáveis, apesar das saídas líquidas de R$15,7 bilhões em depósitos a prazo.

O conceito M3, que compreende o M2, as quotas de fundos de renda fixa e os títulos públicos que lastreiam as operações compromissadas entre o público e o setor financeiro, expandiu-se 0,5% no mês, somando R$3,5 trilhões. O saldo das quotas de fundos de renda fixa permaneceu estável em R$1,6 trilhão. O M4, conceito correspondente ao M3 e aos títulos públicos de detentores não financeiros, apresentou elevações de 0,7% no mês e 17,8% nos últimos doze meses, totalizando R$4,1 trilhões.


II - Operações de crédito do sistema financeiro
As operações de crédito do sistema financeiro, impulsionadas pelo desempenho dos financiamentos com recursos direcionados, mantiveram, em novembro, a trajetória de expansão verificada nos meses recentes. Verificou-se a intensificação sazonal do crédito a pessoas jurídicas, associada à necessidade de recursos destinados ao aumento da produção e às vendas de fim de ano, bem como para os pagamentos de décimo terceiro salário. Por outro lado, a disponibilidade adicional de recursos, possibilitada por esses pagamentos, contribuiu para o relativo arrefecimento dos empréstimos a pessoas físicas. As condições gerais do mercado de crédito permanecem favorecidas pela trajetória declinante de taxas de juros e spreads bancários, que continuaram alcançando mínimos históricos, e pela perspectiva de redução dos índices de inadimplência.

Nesse contexto, o saldo total das operações de crédito, compreendendo recursos livres e direcionados, atingiu R$2.304 bilhões em novembro, com expansões de 1,5% no mês e 16,1% em doze meses. Em decorrência, a relação crédito/PIB alcançou 52,6%, ante 52,2% em outubro último e 48,1% em novembro de 2011. A participação relativa dos bancos públicos no total de crédito do sistema financeiro alcançou 47% em novembro, elevação de 0,3 p.p. no mês. As instituições privadas nacionais e estrangeiras tiveram suas respectivas representatividades reduzidas em 0,2 p.p. e 0,1 p.p., situando-se em 36,5% e 16,5%, na ordem.

Os empréstimos com recursos livres, equivalentes a 33,2% do PIB, totalizaram R$1.455 bilhões em novembro, com incrementos de 1,2% no mês e 13,8% em doze meses, passando a responder por 63,1% do total do sistema financeiro. As operações destinadas a pessoas jurídicas cresceram 1,4% e 16,2% nas mesmas bases comparativas, atingindo R$737 bilhões. Os empréstimos a pessoas físicas somaram R$718 bilhões, após acréscimos de 0,9% no mês e 11,5% em relação a novembro do ano anterior.

O crédito direcionado, 19,4% do PIB, somou R$849 bilhões, elevando-se 2,1% no mês e 20,2% nos últimos doze meses. Destaquem-se as expansões mensais respectivas de 2,5% e 2,3% nos créditos rurais e habitacionais, cujos saldos alcançaram R$121 bilhões e R$250 bilhões. Os financiamentos do BNDES cresceram 1,9% no mês e atingiram R$461 bilhões, em consequência de expansões mensais de 2,9% nas operações diretas e de 0,9% nos repasses de outras instituições financeiras.

Os desembolsos realizados pelo BNDES somaram R$108 bilhões no acumulado de janeiro a outubro de 2012, superando em 4,9% o valor liberado em igual período do ano anterior. Os financiamentos à indústria, impulsionados pela demanda dos ramos de celulose e papel e de coque, petróleo e combustível, elevaram-se 17,1%, correspondendo a R$38 bilhões, enquanto as concessões para o segmento de comércio e serviços recuaram 1,6%, alcançando R$62 bilhões. Os créditos a micro, pequenas e médias empresas responderam por 36% do total desembolsado, registrando redução de 4,7% na mesma base de comparação. As consultas referentes a potenciais financiamentos cresceram 57% nos dez primeiros meses do ano, volume de R$254 bilhões, sinalizando perspectiva positiva para o financiamento de investimentos nos próximos meses.


II.1 - Distribuição setorial do crédito
O crédito ao setor privado alcançou saldo de R$2.195 bilhões em novembro, avançando 1,5% no mês. O estoque dos empréstimos destinados ao segmento outros serviços, beneficiados por operações destinadas aos setores de transportes, saneamento, energia, além da depreciação cambial nas carteiras, aumentaram 2% no mês, atingindo R$390 bilhões. O saldo das operações contratadas com a indústria, impulsionadas pelos ramos de energia, papel e celulose, química e petroquímica e transportes, somaram R$457 bilhões, assinalando incremento de 1,2% no mês. Os empréstimos ao comércio registraram expansão de 1,3% em seu saldo no mês, alcançando R$222 bilhões, com ênfase para as contratações dos segmentos de automóveis, aparelhos eletrônicos, máquinas e equipamentos e supermercados.

O crédito habitacional manteve crescimento expressivo ao totalizar R$270 bilhões em novembro, após acréscimos de 2,4% no mês e 38,1% em relação a igual período do ano anterior, passando a representar 6,2% do PIB. Os créditos demandados pelo setor rural, impulsionados pela demanda por custeio e investimento agrícolas relativos à safra 2012/2013, cresceram 2,4% no mês, somando R$164 bilhões.

Os financiamentos destinados ao setor público totalizaram R$109 bilhões, após expansão mensal de 2,3%, motivada por concessões de crédito ao setor energético e pelos efeitos da depreciação cambial no período. O aumento mensal resultou dos acréscimos respectivos de 2,3% e 2,4% nas operações do governo federal e dos estados e municípios, cujos saldos situaram-se em R$63 bilhões e R$46 bilhões, nessa ordem.


II.2 - Operações com recursos livres - Crédito referencial para taxas de juros
No segmento de pessoas físicas, o saldo dos empréstimos pessoais, que compreendem créditos consignados, aumentou 1% em novembro, atingindo R$281 bilhões, enquanto o saldo dos financiamentos de veículos permaneceu estável em R$186 bilhões. Os dados mensais apontaram aumento da utilização do crédito rotativo, com crescimentos respectivos de 5,6% e 7,3% nas concessões médias diárias de cheque especial e cartão de crédito. No crédito a pessoas jurídicas, os empréstimos para capital de giro prosseguiram em expansão, alcançando saldo de R$362 bilhões em outubro, após elevações de 1,5% no mês e 18,9% em doze meses. 

A taxa média de juros das modalidades que compõem o crédito referencial atingiu novamente o menor nível da série histórica iniciada em junho de 2000, situando-se em 28,9% a.a., refletindo reduções de 0,5 p.p. no mês e 9,6 p.p. em doze meses. A redução foi verificada tanto nas operações com pessoas físicas, cuja taxa de juros média diminuiu 0,6 p.p., situando-se em 34,8%, quanto nas operações destinadas a pessoas jurídicas, nas quais a taxa média recuou 0,4 p.p., alcançando 21,7%.

A inadimplência do crédito referencial, consideradas as operações com atrasos superiores a noventa dias, apresentou redução de 0,1 p.p. no mês, atingindo 5,8%. Verificou-se decréscimo de 0,1 p.p. no indicador referente aos créditos a pessoas físicas, que se situou em 7,8%. Nas operações com pessoas jurídicas, a inadimplência ficou estável em 4,1%. Os percentuais de atrasos de 15 a 90 dias também recuaram 0,1 p.p., situando-se em 6,1% nos empréstimos às famílias e em 2,1% nos financiamentos a empresas.


III - Ativos e passivos internacionais do sistema bancário
Os ativos e passivos internacionais do sistema bancário, correspondentes a operações com residentes, em moeda estrangeira, e com não residentes, em qualquer moeda, registraram retração, em reais, no terceiro trimestre de 2012. Os ativos internacionais totalizaram R$253,6 bilhões em setembro, apresentando recuos de 1,5%, em reais, e de 2%, em dólares, relativamente a junho de 2012. Com isso, o grau de internacionalização dos ativos diminuiu de 5,5% para 5,2%. 

A participação dos bancos nacionais no total de ativos internacionais reduziu-se de 58,7%, em junho, para 57,8%, em setembro, elevando-se a parcela correspondente aos bancos estrangeiros, de 41,3% para 42,2%. Entre os bancos nacionais, a participação dos bancos privados elevou-se de 38,7% para 39%, diminuindo-se a participação dos bancos públicos, de 20% para 18,8%. As operações com residentes também reduziram sua participação de 36,3% para 33,6% no período. No tocante às posições com não-residentes, destaque-se o declínio da parcela correspondente aos Estados Unidos, de 10,9%, em junho, para 9,6%, em setembro.

Os passivos internacionais somaram R$346,6 bilhões, ao recuarem 1,6% em reais e 2% em dólares. Em decorrência, a participação no total de passivos exigíveis do sistema bancário diminuiu de 8,2%, em junho, para 7,8%, em setembro. A exemplo do ocorrido com os ativos, a representatividade dos bancos estrangeiros registrou expansão no período, passando a responder por 40,2% dos passivos internacionais. Com relação às contrapartes, as operações com os Estados Unidos apresentaram contração, de 30,2% para 28,9% do total de passivos internacionais. No mesmo sentido, as operações com residentes recuaram de 18,2% para 16,6%, elevando-se as operações com domiciliados fora do continente americano, de 28,2% para 29,4% do total de passivos internacionais.

Os ativos internacionais consolidados do sistema bancário, que incluem somente posições com não residentes, apresentaram saldo de R$159 bilhões em setembro, segundo o conceito de risco inicial, registrando variações trimestrais de 4,2% em reais e de 3,7% em dólares. No conceito de risco final, que incorpora ao ativo inicial o resultado das transferências de risco entre países, o saldo alcançou R$153,1 bilhões.

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