quarta-feira, 1 de maio de 2013

Fed mantém plano de estímulo, preocupado com aperto fiscal nos EUA



Por Pedro da Costa e Alister Bull

WASHINGTON, 1 Mai (Reuters) - O Federal Reserve, banco central norte-americano, manteve seu plano de comprar 85 bilhões de dólares em títulos por mês com o objetivo de reduzir os custos de empréstimo e impulsionar a economia, citando riscos ao crescimento provenientes de recentes apertos fiscais em Washington.
Afirmando que a economia está em expansão moderada, em um comunicado que repetiu de maneira geral sua decisão de março, autoridades do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed citaram contínua melhora nas condições do mercado de trabalho.
Mas reiteraram que o desemprego ainda está alto demais para o conforto dos membros da autoridade monetária, reforçando seu desejo de continuar comprando ativos até que a perspectiva para o mercado de trabalho melhore significativamente.
"A política fiscal está restringindo o crescimento econômico", disse o Fomc em seu comunicado. "O Comitê está preparado para elevar ou reduzir o ritmo de suas aquisições para manter a acomodação política apropriada".
A presidente do Fed de Kansas City, Esther George, mais uma vez dissentiu contra o suporte ao crescimento do Fed, devido a temores sobre desequilíbriso financeiros e expectativas inflacionárias de longo prazo.
Até recentemente, analistas esperavam que o Fed comprasse um total de 1 trilhão de dólares em Treasuriese títulos hipotecários durante a terceira rodada de quantitative easing -- programa de compra de ativos conhecido como "QE3"-- com o Fed começando a tirar o pé do acelerador no segundo semestre.
Agora, as coisas parecem menos certas.
"Expectativas de redução das compras baseadas em resultados do Fed diminuíram devido ao recente arrefecimento nos dados econômicos", de acordo com um comunicado do Comitê de Assessoria em Crédito do Tesouro, do setor privado, divulgado nesta quarta-feira.
O crescimento econômico recuperou-se no primeiro trimestre após desempenho fraco no fim de 2012, mas o ritmo de expansão anual de 2,5 por cento ficou abaixo das estimativas de analistas, e previsões já estão levando em conta maior fraqueza no segundo trimestre.
O mercado imobiliário continua a dar sinais de força, com preços de moradias registrando seu maior ganho anual desde 2006, ano em que o mercado deu início a um recuo histórico que desenvolveu-se numa crise financeira global.
No entanto, o setor industrial não está tão vivaz, com um relatório divulgado nesta quarta-feira mostrando que a atividade nacional manufatureira quase não cresceu em abril.
E o mercado de trabalho, foco de grande parte dos esforços do Fed, continua combalido. Empregadores norte-americanos adicionaram apenas 88 mil funcionários a suas folhas de pagamento em março e dados divulgados nesta quarta-feira sugerem contínua fraqueza no emprego no setor privado.
Ao mesmo tempo, a inflação tem gradualmente caminhado para baixo. A medida preferida pelo Fed do núcleo da inflação, que exclui custos mais voláteis de alimentos e energia, subiu apenas 1,1 por cento no ano até março. A inflação geral registrou oscilação positiva de apenas 1 por cento, menor ganho em 3 anos e meio.
O Fed tem como meta inflação de 2 por cento.
CAIXA DE FERRAMENTAS
Em resposta à profunda crise financeira e à recessão, o Fed praticamente zerou as taxas de juros overnight no fim de 2008. A autoridade monetária também comprou mais de 2,5 trilhões de dólares em ativos, mais do que triplicando seu portfólio, para manter baixos os juros de longo prazo.
Se as perspectivas econômicas não melhorarem, o banco central pode buscar novas maneiras para dar apoio à economia, e aumentar a quantidade de ativos que compra é apenas uma opção.
O Fed pode anunciar a intenção de manter os bônus que tem até o vencimento em vez de vendê-los quando chegar o momento de apertar a política monetária. O chairman do Fed, Ben Bernanke, já levantou essa possibilidade.
Autoridades também podem reduzir o limite de desemprego para sinalizar quando é tempo de finalmente aumentar os juros. Atualmente, a meta é de 6,5 por cento, desde que a inflação não ameace ultrapassar 2,5 por cento.
Pesquisas sugerem que indicações sobre o caminho futuro das taxas de juros podem ter um forte impacto sobre os atuais custos de empréstimo, e um membro do Fed --Narayana Kocherlakota, presidente do Fed de Minneapolis-- já sugeriu reduzir o limite para dar força à economia.
(Reportagem de Pedro da Costa e Alister Bull)

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