O dólar fechou em queda nesta quinta-feira, a 3,85 reais, com investidores desmontando apostas de alta da moeda norte-americana ao fim de um mês um pouco mais calmo, mas com mercado ainda mostrando baixo volume devido às incertezas políticas e econômicas no Brasil.
O dólar recuou 1,68 por cento, a 3,8541 reais na venda, menor patamar em duas semanas. Na mínima do dia, a moeda norte-americana caiu 1,80 por cento, a 3,8496 reais, e, na máxima, subiu 0,95 por cento, a 3,9574 reais.
"O mercado está muito técnico, muito pequeno. Quem estava comprado em dólar e perdeu dinheiro neste mês não quer dobrar a aposta, e o efeito de deixar essa posição vencer é o mesmo de um fluxo de entrada", disse o operador da gestora de recursos de um banco internacional.
Uma posição comprada em dólar refere-se, de maneira geral, a quem aposta na alta da moeda norte-americana. Em outubro, até agora, o dólar já caiu 2,81 por cento.
O efeito desse movimento foi amplificado pela liquidez reduzida, tendência dos últimos dias. Investidores vêm evitando fazer grandes operações devido ao quadro político e econômico incerto no Brasil, com dificuldades cada vez maiores no campo fiscal.
O Brasil registrou em setembro déficit primário menor que o esperado, mas influenciado pelo não pagamento no mês de adiantamento de 13º salário a aposentados. Essa despesa deve entrar na conta em outubro.
A prudência veio também após o Federal Reserve, banco central norte-americano, sinalizar na véspera que pode elevar a taxa de juros em dezembro. Se confirmada, essa decisão tende a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em países como o Brasil, pressionando o câmbio local.
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no terceiro trimestre, embora aquém das expectativas, não dissuadiu investidores dessa perspectiva, uma vez que ainda indicou demanda doméstica sólida.
Essa expectativa chegou a levar o dólar a subir ante o real pela manhã, mas o movimento perdeu força. Operadores afirmaram que a mudança não veio em reação a notícias ou fundamentos, e sim a operações pontuais que tiveram seu efeito amplificado pela baixa liquidez.
"Não tem liquidez, não tem lote. O mercado está muito pequeno", disse o especialista em câmbio da corretora Icap, Italo Abucater.
Em reunião com parlamentares nesta quinta-feira, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, defendeu que o Brasil não deve mexer nas reservas internacionais no atual contexto, já que elas têm funcionado como um seguro para a economia brasileira, segundo gravação feita por um dos participantes da reunião obtida pela Reuters.
Nesta manhã, o BC concluiu a rolagem integral dos swaps cambiais que vencem em outubro. O próximo lote de swaps vence em 1º de dezembro e equivale a 4,832 bilhões de dólares.
Fonte: Reuters
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