O Banco Central manteve nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 14,25 por cento ao ano, como esperado, em decisão unânime pela primeira vez desde de outubro, em uma indicação de que está preparando o caminho para começar a reduzir os juros nos próximos meses.
No comunicado, o Comitê de Política Monetária reconheceu avanços no controle da inflação, mas advertiu que "o nível elevado da inflação em doze meses e as expectativas de inflação distantes dos objetivos do regime de metas não oferecem espaço para flexibilização da política monetária".
Pesquisa Reuters com economistas estimava manutenção da Selic neste patamar, o mesmo desde julho do ano passado.
"A decisão unânime e o tom do comunicado, além dos comentários que estão sendo feitos pelo provável novo governo, irão aumentar as apostas no corte de juros já em julho. Estamos alterando nossa previsão (de baixa) para agosto ante outubro", disse o economista sênior para a América Latina da 4Cast, Pedro Tuesta.
Esta pode ser a última reunião do Copom da atual diretoria do BC, comandada por Alexandre Tombini, já que provavelmente o Senado Federal irá aprovar o afastamento da presidente Dilma Rousseff no dia 11 de maio, levando o vice Michel Temer a assumir a Presidência. Temer já afirmou que fará mudanças na equipe econômica.
Nos últimos três encontros do Copom, os diretores Sidnei Corrêa Marques (Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural) e Tony Volpon (Assuntos Internacionais) votaram por elevação em 0,5 ponto percentual da Selic.
Agora, ambos acompanharam a maioria pela manutenção dos juros, em meio à desaceleração da inflação, tendo como pano de fundo um cenário de profunda recessão econômica.
"Eu imaginava que teriam alguns diretores pensando numa alta da taxa de juro por conta da política fiscal ainda frouxa", disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
Nos doze meses até abril, o IPCA-15, prévia da inflação oficial do país, subiu 9,34 por cento, abaixo dos 9,95 por cento do mês anterior, mas muito acima da meta do governo --de 4,5 por cento pelo IPCA, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
Na pesquisa Focus mais recente, realizada pelo BC com mais de uma centena de economistas, a estimativa para o IPCA em 2016 foi revisada para baixo pela sétima vez consecutiva, a 6,98 por cento. A projeção para taxa de juros é que seja reduzida na reunião do Copom no final de agosto, encerrando o ano a 13,25 por cento.[nEMNG4N0S1]
O BC vem repetindo seu compromisso de cumprir a meta neste ano e, em comunicados recentes, já vinha argumentado que não vê espaço para redução nos juros, apesar da atividade em franco declínio.
Fonte: Reuters (Por Alonso Soto e Stephen Eisenhammer)
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