terça-feira, 29 de novembro de 2011

Bolsa não deve ter tradicional subida de fim de ano, diz presidente da BlackRock

Bolsa não deve ter tradicional subida de fim de ano, diz presidente da BlackRock

Luiz Felipe Andrade diz que os mercados devem seguir voláteis até o ano que vem e que a bolsa brasileira não deverá ter o chamado "rali de fim de ano" neste dezembro

Dezembro não deverá ser um mês melhor do que os anteriores para o mercado de capitais brasileiro. A opinião é de Luiz Felipe Andrade, presidente no Brasil da maior gestora global de recursos, a norte-americana BlackRock.
Ele afirma que diante das incertezas na Europa e da grande volatilidade nas bolsas globais, o mercado de ações brasileiro deve não ter o tradicional subida de fim de ano em 2011, que é um alívio que geralmente as bolsas de valores têm em dezembro, quando investidores se posicionam para começar o ano seguinte.
“O cenário para os investimentos está tão inseguro e com tamanha volatilidade, que pode acontecer neste ano de não termos um rally de fim de ano,” afirmou o executivo nesta terça-feira, em São Paulo, após o lançamento da 7ª carteira de ações do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBovespa.
A volatilidade, que foi a palavra mais falada pelos analistas de bolsas neste semestre, deve continuar a ser bastante usada em 2012, pelo menos na primeira parte do ano, segundo o executivo. “A volatilidade não deve ir embora no curto prazo. Enquanto não tivermos um ambiente na Europa minimamente menos inseguro, é mais provável que o mercado continue assim. Mas espero que essa insegurança não continue durante todo o ano que vem,” acrescentou.
Andrade disse ainda que “não dá para olhar para a bolsa com óculos de seis meses” e que a visão dos investidores tem que ser de longo prazo. Segundo ele, “em algum momento”, os grandes investidores brasileiros, como os fundos de pensão e os institucionais, deverão buscar mais as opções de investimentos de renda variável, pois aplicar em produtos que acompanham os juros e a inflação deixará de ser “confortável” com a queda dos juros.
“Sempre pensamos: ‘agora vai, agora vai’, e nada,” afirmo o executivo, em referência à migração dos investidores da renda fixa para a variável. “Mas em algum momento, as instituições vão ter que buscar mais opções que não sejam apenas o DI [depósito interbancário] e terão que ir para a renda variável. Esta decisão vai ter que acontecer,” disse.
Europa
Segundo Andrade, atualmente, a Europa e os eventuais efeitos dos problemas europeus para os Estados Unidos são as principais preocupações da Black Rock, que faz a gestão de US$ 3,5 trilhões de ativos em todo o mundo.
“Nosso volume sob gestão é monstruoso em todo o mundo e, neste momento, há questões endereçadas ao que aconteceria com um eventual fim do euro, por exemplo,” afirmou Andrade.
ETFs
Em relação ao Brasil e os demais países emergentes, ele afirma que a gestora não vê esses mercados apenas como destino de investimentos, mas também como estratégicos. “Temos feito um esforço grande para crescer no Brasil e na região e nosso comprometimento com o País mostra isso. Viemos para ocupar um espaço relevante no mercado de gestão de recursos local.”
Segundo ele, a BlackRock - que tem uma atuação forte no mercado de fundos de índices (ETFs), pretende criar novos produtos ao Brasil sempre que as novidades fizerem sentido para a demanda dos investidores locais. “Vamos trazer qualquer solução que atenda ao investidor brasileiro,” diz.
Além de um fundo de índice de empresas que compões o Índice de Carbono Eficiente (ICO2), a empresa lançará também um ETF de utilities (energia e infraestrutura), segundo ele.
Sustentabilidade
Andrade, que participou de discussões sobre sustentabilidade durante o lançamento da nova carteira do ISE, afirmou que cabe ao investidor brasileiro induzir as empresas locais a se preocuparem mais com práticas sustentáveis e se esforçarem mais para participar de índices de sustentabilidade.
“O investidor vai ser o pendão que vai mudar a situação. Ele vai ser o indutor da busca das empresas por mais sustentabilidade. Quando ele se mover neste sentido, a empresa não vai ter mais opção e vai ter que aderir às práticas e aos índices,” afirmou.
Sobre o papel do estrangeiro para o incentivo para que as empresas sejam mais sustentáveis, Andrade afirmou que o Brasil tem um número pequeno de empresas na bolsa e que faltam oportunidades para os investidores de fora. “O País tem escassez de empresas. Quando começamos a filtrar, não sobra ninguém para investir. Isso é um limitador para os gestores de ativos,” afirmou.

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