São Paulo, 11 de julho de 2012 - Especialistas de mercado avaliam que a
provável redução em 0,5 ponto percentual da Selic (taxa básica de juros), na
reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), que
começa hoje e termina amanhã, mantém aceso o alerta sobre os efeitos na
inflação. Ainda que um descontrole inflacionário esteja praticamente
descartado, os especialistas alertam que a desaceleração do Indice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) não deve ser mantida nas próximas
medições.
"Tivemos um alivio com a queda do IPCA, mas o mercado tem que entender que algumas medidas foram tomadas para conter essa inflação", afirma Alan
Oliveira, analista da FuturaInvest, em entrevista à Agência Leia.
O IPCA, indicador oficial de inflação do País, registrou inflação de
0,08% em junho, apresentando forte desaceleração em relação à taxa de 0,36% de maio, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Entretanto, especialistas chamam a atenção para as medidas que foram tomadas e beneficiaram o índice.
"O IPCA teve recuo, mas com uma situação atípica com redução
temporária de impostos. Depois disso, a baixa não se mantém. Existem
pressões em cima de produtos agrícolas que também devem se refletir na
inflação", avalia Nelson de Souza, professor do Instituto Brasileiro de
Mercado de Capitais (Ibmec), em entrevista à Agência Leia.
Souza acrescenta ainda que a inflação para a população de menor renda se
mantém em alta e que fontes de estímulo inflacionário, como a elevação do
preço do trigo e seus derivados - impulsionados pela valorização do dólar -
devem ser levadas em consideração.
"O cenário internacional também pesa. O mercado norte-americano não
parece favorável para as commodities e o preço deve subir", avalia Souza.
Já para Samy Dana, professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio
Vargas de São Paulo (FGV-SP), as consecutivas reduções na Selic não devem
levantar preocupações sobre a inflação.
"O País está em um cenário grave, sofrendo impactos da recessão
mundial. Ano passado tivemos crescimento péssimo de 2,7% e esse ano as
expectativas são ainda menores", explica Dana, em entrevista à Agência Leia.
A opinião é compartilhada por Eduardo Velho, economista-chefe da Planner,
que acrescenta a redução na projeção para a inflação do BC no último
Boletim Focus, de 4,93% para 4,85% em 2012.
"Vamos ter um trimestre com PIB abaixo de 1% anualizado, abaixo do
potencial da economia brasileira. Esse é outro fator que sugere ausência de
pressão inflacionária da demanda interna. O mercado já trabalha com Selic em
7,5%", completa Velho, em entrevista à Agência Leia.
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