São Paulo, 11 de julho de 2012 - Às vésperas da provável redução de
0,5 ponto percentual na Selic (taxa básica de juros), em que a taxa deve passar dos atuais 8,50% ao ano (a.a.) para 8% a.a., de acordo com 66 das 68
instituições ouvidas pelo Termômetro Leia, especialistas já apostam em novas
quedas, para 7,25% a.a. nas reuniões do Comitê de Política Monetária
(Copom) que acontecem em 9 e 10 de outubro.
Se antes havia consenso sobre a retomada dos aumentos da taxa básica de
juros no primeiro semestre de 2013, com a demora na recuperação da economia o cenário mudou. "Com a estabilidade da economia em 2013, não trabalhamos com a alta de juros. O mercado já está trabalhando com perspectiva de redução para 7,50% neste ano e eu acredito que deve ser ainda mais baixo, caindo para 7,25% em outubro", afirma Eduardo Velho, economista-chefe da Planner, em entrevista à Agência Leia.
A aposta é compartilhada pelos analistas Marcelo Kfoury, Leonardo Porto e
Marcela Prada, da Citi Investment Research & Analysis. "Depois dos prováveis
cortes de 0,5 pp nas reuniões de 11 de julho e de 29 de agosto, o Copom deverá adotar um ajuste final de 0,25 pp na reunião de 10 de outubro, quando a taxa Selic deverá chegar a 7,25% a.a.. Com base em nossa expectativa de que o crescimento econômico deva provavelmente acelerar depois do segundo trimestre de 2012, a taxa Selic deverá ser mantida constante até o segundo trimestre de 2013", dizem os analistas em relatório.
Samy Dana, professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo(FGV-SP) também prevê redução da Selic para 7,25% a.a. "Como a indústria apresentou números ruins, haverá sucessivas quedas da Selic para
evitar que o PIB cresça menos do que no ano passado", justifica.
Com as sucessivas quedas, os especialistas já consideram a possibilidade do País apresentar juros negativos - dada à perspectiva que a inflação aumente depois que os benefícios tributários concedidos a determinados setores da economia cessem - ainda que por um prazo curto.
"O juro negativo é sempre possível e inverte a curva. A tendência das
pessoas, com os estímulos, é partir para o consumo, o que aumenta a
inflação. É um cobertor curto", afirma Nelson de Sousa, professor do
Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), em entrevista à Agência
Leia.
Entretanto, o juro real mais baixo não deve ajudar a alavancar os
investimentos privados, aponta Eduardo Velho. "Mesmo com juros baixos, o setor bancário não repassa totalmente para os clientes. O juro real baixo é fator positivo para investimentos, mas acredito que o grande componente no aumento de investimentos é a necessidade de mudança na perspectiva de crescimento do PIB. Os empresários estão com a confiança debilitada", diz Velho.
Os investimentos estrangeiros, principalmente norte-americanos, também
podem cair, de acordo com Alan Oliveira, analista da FuturaInvest. Para
Oliveira, o País está perdendo a imagem atrativa e se igualando a nações em
crise, como a Espanha, apesar do risco menor para os aportes.
"Apesar do risco europeu ser maior do que o do Brasil no momento, o governo intervencionista vem prejudicando a imagem do Pais lá fora", disse Oliveira, em entrevista à Agência Leia.
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