sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Brasil cresce 0,4% no 2o tri; investimento segue em queda


RIO DE JANEIRO, 31 Ago (Reuters) - A economia brasileira cresceu 0,4 por cento no segundo trimestre deste ano, quando comparada com o primeiro trimestre, com destaque positivo para a agropecuária. Embora seja o melhor resultado trimestral em um ano, ele trouxe números ruins sobre os investimentos, mostrando uma recuperação ainda bastante tímida da atividade.

As reações iniciais de analistas indicam que a recuperação deve ganhar fôlego daqui para frente por conta, principalmente, das fortes medidas de estímulo já tomadas pelo governo. Mas essa aceleração não deve levar a um crescimento de mais de 2 por cento neste ano.
"A economia está se recuperando, mas é algo gradual. A surpresa no resultado do segundo trimestre foi a queda no investimento, achávamos que viria um número positivo e isso mostra uma situação pior", afirmou a economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) Maria Sílvia Matos, para quem o crescimento no ano será de apenas 1,5 por cento.
Em relação ao segundo trimestre de 2011, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 0,5 por cento, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. Na comparação anual, é o pior resultado desde o terceiro trimestre de 2009, quando houve queda de 1,5 por cento.
Pesquisa Reuters indicava crescimento de 0,5 por cento na comparação trimestral, segundo a mediana de previsões de 43 analistas. Na medida anual, a mediana de 41 previsões apontava para uma expansão de 0,7 por cento. As projeções variaram de 0,2 a 0,8 por cento para o crescimento trimestral e 0,4 a 1,6 por cento para o anual.
O IBGE informou também que revisou para baixo a expansão do primeiro trimestre sobre os três meses anteriores, de 0,2 para 0,1 por cento.
INDÚSTRIA SEGUE PATINANDO
A agropecuária cresceu 4,9 por cento sobre janeiro e março passados, após recuar 5,9 por cento no trimestre anterior, enquanto o setor de serviços avançou 0,7 por cento. No período, o consumo do governo teve expansão de 1,1 por cento, enquanto que o das famílias, 0,6 por cento.
Já a indústria continuou mostrando mau desempenho, com retração de 2,5 por cento no período, após mostrar crescimento de 1,7 por cento no primeiro trimestre. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimento, também foi mal, com recuo de 0,7 por cento no trimestre passado, depois de registrar queda de 1,5 por cento entre janeiro e março.
O governo vem se esforçando para recuperar a economia brasileira, afetada pela crise internacional, com contínuas medidas de estímulo, que vão de desonerações fiscais a melhores condições de financiamento aos investimentos.
O objetivo é garantir crescimento de 4,5 por cento no próximo ano, número que está sendo encarado como uma meta "ousada" pelo governo.
Há dois dias, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou um novo pacote de incentivos que envolveu a prorrogação das alíquotas menores do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a alguns setores, como o automotivo e de linha branca, e reduções dos juros cobrados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Algumas dessas ações valem até o fim de 2013.
Para o economista sênior do Bes Investimento, Flavio Serrano, a intensificação do ajuste na política monetária e os efeitos de mais medidas de estímulo vai surtir efeito. "A expectativa no governo e nossa é de que haverá uma recuperação no terceiro e quarto trimestres", afirmou
Para 2012, o mercado acredita que o PIB crescerá menos de 2 por cento, o que, se confirmado, representará o pior desempenho desde 2009, quando a economia encolheu 0,3 por cento por conta da crise internacional.
(Reportagem adicional de Diogo Ferreira Gomes, no Rio de Janeiro, Luciana Otoni, em Brasília, e Asher Levine, em São Paulo)

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