sexta-feira, 31 de agosto de 2012

PERSPECTIVA: Setor de energia opera em forte queda e Ibovespa cai


   São Paulo, 31 de agosto de 2012 - Os papéis ligados ao setor de energia puxam para baixo o Ibovespa, principal índice da BM&FBovespa, fazendo com que oíndice opere na contramão dos mercados externos. A reação ainda se deve a Medida Provisória (MP) de ontem trazendo novas regras para o caso de extinção e intervenção em concessões de energia elétrica. Além disso, a MP traz um

ponto importante que é a proibição para que empresas de concessão de
serviços públicos de energia elétrica peçam recuperação judicial e
extrajudicial. "A novidade na MP é que não cabe mais recuperação judicial
para concessionárias de serviço publico", disse Julião Coelho, diretor da
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), à Agência CMA, ontem.

   "Os estrangeiros não gostam que o governo interfira demais nas empresas
privadas. E a notícia não agradou nada", avalia o operador Sandro Fernandes,
da Geraldo Corrêa Corretora de Valores. As maiores quedas do Ibovespa
correspondem aos papéis ligados ao setor de energia. Por volta das 13h20, as
ações da Cesp (CESP6) caíam 5,07% e tinham giro financeiro de R$ 114,519
milhões. Na mesma tendência estavam os papéis da Copel (CPLE6; -4,22%, com
volume de R$ 29,355 milhões) e da Cemig (CMIG4; -4,80%, a R$ 123,617 milhões).

   Com os papéis de energia no campo negativo, o Ibovespa caía 0,24%, aos
57.117 pontos. O índice futuro, com vencimento em outubro, recuava 0,20%, aos
57.490 pontos. O volume total da bolsa estava em R$ 3,967 bilhões.

   No mercado internacional, o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed,
o banco central norte-americano), Ben Bernanke, realizado hoje no simpósio
anual de Jackson Hole, não decepcionou o mercado e influencia as altas dos
índices norte-americanos. Embora não tenha anunciado nenhuma nova medida,
Bernanke deixou claro, mais uma vez, que novas ações poderão ocorrer. Durante
sua fala, o presidente do Fed disse que a instituição continuará provendo
políticas acomodatícias adicionais enquanto for necessário para estimular a
economia e uma melhora sustentável nas condições do mercado de trabalho.
"Bernanke deixou espaço para novas ações, mas sem fomentar mais expectativas
que as já existentes", avalia Felipe Rocha, analista da Omar Camargo
Corretora.

   Bernanke ressaltou, ainda, que os possíveis benefícios e custos das
políticas monetárias heterodoxas, como os programas de compras de ativos
financeiros em larga escala (quantitative easing - QE), são incertos e dependem
 de vários fatores, entre eles o contexto econômico e financeiro.

   Ainda no mercado externo, o Conselho de Ministros da Espanha aprovou hoje um
projeto de reestruturação dos bancos do país, uma exigência de seus
parceiros na zona do euro para liberar a ajuda de até 100 bilhões de euros ao
sistema bancário nacional.
   
   Entre as medidas previstas estão a criação de uma entidade que retirará
ativos problemáticos dos balanços de instituições financeiras em crise - a
Sociedade de Gestão de Ativos (SGA) -, a permissão para que o Fundo para
Reestruturação Bancária Ordenada (FROB, em espanhol) possa captar recursos de
 terceiros.

   No cenário interno, hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que representa a
soma de todos os bens e serviços finais produzidos no País, subiu 0,4% no
segundo trimestre de 2012 em relação ao primeiro trimestre do ano,
alcançando, em valores correntes, R$ 1,10 trilhão. Na comparação com o
segundo trimestre de 2011, o PIB registrou avanço de 0,5%. A economia
brasileira acumula expansão de 1,2% em 12 meses encerrados em junho. "A
divulgação do PIB não muda muita coisa no mercado hoje. Temos de ficar de
olho nos índices que serão divulgados a partir de agora e ver se haverá
pressões inflacionárias", comenta Rosa.

   Hoje, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a projeção de
crescimento do PIB do País para o próximo ano é de "4% ou mais". "Não é
previsão do governo, mas de instituições e especialistas", ponderou o
ministro, em encontro com jornalistas, em São Paulo.

   Dentre os papéis mais negociados hoje, as ações preferenciais classe A da
Vale (VALE5), maior peso no Ibovespa, subiam 1,82% e tinham giro de R$ 426,801
milhões, as da OGX (OGXP3) avançavam 2,16%, com volume de R$ 117,147 milhões.
No sentido oposto, as ações da Petrobras (PETR4) caíam 0,19% e moviam R$
231,747 milhões.

   Segundo as fontes consultadas pela Agência CMA, o Ibovespa deve permanecer
volátil ao longo do dia. "Eu acho que podemos fechar em alta. Mas vale
ressaltar que nas próximas horas, o mercado ainda estará interpretando o
discurso de Bernanke", comenta Felipe Rocha, da Omar Camargo.


    Mercados internacionais
   
   Nos Estados Unidos, o Nasdaq Composto subia 0,48%, aos 3.063,52 pontos, o
S&P 500 avançava 0,74%, aos 1.409,90 pontos e o Dow Jones expandia 0,96%, a
13.124,88 pontos.

   Na Europa, os principais índices fecharam em alta. Apenas o índice
FTSE-100, principal da bolsa de Londres, fechou com retração, caindo 0,14%, a
5.711,48 pontos; o CAC-40, de Paris, registrou alta de 1%, a 3.413,07 pontos; o
DAX-30, de Frankfurt, encerrou com avanço de 1,09%, a 6.970,79 pontos; o FTSE
MIB, da bolsa de Milão, subiu 2,16%, a 15.100,48 pontos; o Ibex-35, de Madri,
expandiu 3,13%, a 7.420,50 pontos e o SMI-20, de Zurique, apresentou alta de
0,15%, a 6.388,01 pontos.

    Petróleo
                   
   Entre os contratos de petróleo, o WTI, com vencimento para outubro,
negociado em Nova York, subia 1,75%, a R$ 96,28 o barril. No campo positivo, em
Londres, o Brent para o mesmo mês subia 1,32%, a US$ 114,16 o barril.
               
    Câmbio

   O dólar comercial operava em baixa de 0,68%, a R$ 2,0300 para venda. O
contrato futuro, com vencimento hoje, desvalorizava 0,63%, a R$ 2.037,000.
               
    Juros
       
   As taxas medidas pelos contratos de depósitos interfinanceiros (DIs)
operavam em alta, com o mais líquido sendo o para janeiro de 2013, cuja taxa
passava de 7,25% para 7,28%, movimentando R$ 50,598 bilhões, e o para janeiro
de 2014, que passava de 7,83% para 7,84%, com giro de R$ 18,852 bilhões.

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